O clima segue quente entre a direção do PRTB e caciques ligados ao PSC. Depois de a presidente estadual da primeira sigla, Rita del Bianco, se afastar da candidatura de Bruno Engler na capital alegando “ameaças e traições”, agora foi a vez do mandatário municipal, Mauro Quintão, também afirmar sofrer ameaças. Dessa vez, o então escolhido como vice-prefeito na chapa de Engler, deu nome ao envolvido: Luiz Ubiratan, pai do pré-candidato a vereador Luiz Henrique da Luiz Vidas (PSC).
Pelas redes sociais, Mauro Quintão afirmou que recebeu ameaças “por agir de forma justa e hierárquica” e que, receoso, comunicaria o fato às autoridades competentes. Ao ser indagado por um internauta sobre especificidades, Quintão atribuiu a coação a Luiz Ubiratan.
“Há vários dias estou trabalhando em casa e temo pela minha vida. Triste fazer esse comunicado, mas não posso viver assim”, publicou. O advogado de Mauro Quintão, Ronaldo Bretas, comentou a postagem e disse que vão “reagir à altura” da situação. “Os trogloditas valentões ficam mais atrevidos e corajosos quando não há reação. A primeira medida é divulgar o nome”, afirmou o defensor que disse “adorar a passagem bíblica que narra a expulsão dos vendilhões do templo por Jesus a chibatadas”.
Sem querer entrar em detalhes sobre a ameaça, Mauro Quintão disse ao Aparte que áudios enviados para uma funcionária do partido diziam que Ubiratan ia “acertar com ele”. Quintão disse que Rita del Bianco seria testemunha da ameaça, mas ela não quis comentar a situação.
O imbróglio entre PRTB e PSC vem desde o início do mês, quando o partido de Bruno Engler afirmou sofrer insistências e pressões do partidão cristão, na figura de Luiz Ubiratan, para o filho dele compor a chapa majoritária com o deputado estadual. O PSC chegou a retificar a ata de convenção se aliando ao PRTB, que ignorou a aliança e lançou chapa pura na disputa ao Executivo da capital.
Um dia depois, Rita del Bianco, presidente estadual e secretária geral em Belo Horizonte, afirmou que saiu da campanha “por motivos de integridade física devido a ameaças, traições e armações” que vinha sofrendo. Sem citar nomes, ela disse à época que não concordou com a postura adotada pelo PSC.
Nos bastidores da legenda, sabe-se que Rita se indispôs com Ubiratan por não aceitar a indicação de vice apresentada por ele. Apesar de Luiz Ubiratan não ter cargo ou função oficial no PSC, ele tem negociado vagas e apoios em nome do partido. Anteontem, ao jornal O TEMPO, o presidente estadual da sigla, o deputado federal Euclydes Pettersen, disse que Luiz Ubiratan é um “amigo, filiado ao PSC, que ajuda a tomar algumas decisões por ser de Belo Horizonte”. Pettersen disse ainda desconhecer as ameaças e sugeriu que os envolvidos “procurem as autoridades”.
A coluna tentou contato com Ronaldo Bretas, advogado de Mauro Quintão, mas ele não foi localizado. Quintão, por sua vez, disse que esperaria o defensor se pronunciar. A assessoria de Luiz Ubiratan não havia respondido às solicitações do Aparte até o fechamento desta edição.