Polêmica

Governo de Minas nomeou acusado de estupro como diretor regional

Após questionamento do Aparte, Secretaria afirmou que houve falha interna e que servidor será exonerado

Por Bruno Menezes e Lucas Henrique Gomes
Publicado em 14 de fevereiro de 2019 | 19:11
 
 
 
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A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedese)  nomeou um diretor regional que responde a um processo na Justiça por estupro. Ele foi nomeado em cargo comissionado pelo governo de Romeu Zema (Novo)  no dia 30 de janeiro. Após questionamento do Aparte, a pasta disse que vai exonerar o servidor.

A ação foi instaurada em julho de 2016. Na época, uma jovem de 19 anos, que participava do 2º Encontro Mineiro dos Estudantes do Campo de Públicas, em Bom Despacho, na região central do Estado, acusou três homens de terem abusado dela. Os rapazes eram funcionários do governo estadual à época e ex-alunos da Fundação João Pinheiro (FJP), organizadora do evento. Entre os três estava o servidor nomeado para a diretoria regional da Sedese.

O crime teria ocorrido em uma pousada. De acordo com a vítima, ela se envolveu com um dos três rapazes em uma festa e, após beber muito, acordou em um quarto, nua, de bruços, com os três homens seminus ao seu redor. Na época ela também contou à polícia que, ao despertar e se deparar com a cena, gritou: “Quem vocês acham que eu sou?”, e correu para o banheiro. Cinco dias após o acontecimento, a jovem resolveu denunciar o ocorrido. O caso foi noticiado por O TEMPO no dia 9 de junho de 2016. O processo tramita em segredo de Justiça. 

Na última quarta-feira-feira (13), o diretor regional da Sedese foi ouvido em audiência de interrogatório, na comarca de Bom Despacho. O próximo passo é a sentença sobre o caso, entretanto, não há prazo para que ela seja proferida.

“A defesa vai expor os argumentos em momento oportuno. Ele reitera a inocência no caso. Todo o mérito e a ascensão profissional que ele galgou nesse tempo é fruto do que as pessoas acreditam que ele é. Uma pessoa capacitada que não teve o mínimo de participação nos atos que foram descritos”, afirmou o advogado de defesa do servidor, Lucas Laire.

Por outro lado, o advogado da vítima, Thales Augusto Nascimento explica que o servidor é o único hoje, que responde pelo suposto abuso sexual. “Esse foi um entendimento do Ministério Público, de que, dos três rapazes, somente ele seria responsável pelo abuso. Casos como esse são muito difíceis de se ter provas, além do testemunho da vítima. É um absurdo que ele tenho sido nomeado”, disse o advogado.

Na última quarta-feira  (13), o Aparte questionou a Sedese sobre a nomeação de um diretor que responde a processo de estupro. Coincidentemente, no mesmo dia foi publicado no Diário Oficial “Minas Gerais” a concessão de uma gratificação para ele.

Nesta quinta-feira (14), por meio de nota, a Sedese informou que vai exonerar o diretor regional. A decisão foi tomada após tomar conhecimento do processo pela coluna. No texto, a pasta informou que a secretária Elizabeth Jucá, “não tinha conhecimento sobre o caso quando o servidor foi indicado para assumir temporariamente a regional e, tão logo tomou conhecimento, determinou a imediata substituição do funcionário”. 

Na nota, a secretaria também justificou que a nomeação foi resultado de uma “falha na comunicação interna, mas que o caso servirá como exemplo”. A Sedese também disse que lamenta o ocorrido e “reafirma o compromisso com a ética e com princípios da administração pública, aguardando o desfecho do processo no Judiciário”. 

Até esta quarta-feira (14), a exoneração do diretor regional não havia sido publicada no Diário Oficial “Minas Gerais”. Entretanto, a secretaria prometeu que a publicação será feita nos próximos dias.

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