Ao menos 69 pessoas do grupo indígena Xucuru Kariri estão em condições precárias de sobrevivência em uma área da zona rural de Presidente Olegário, cidade do Noroeste de Minas Gerais. Pessoas de diversas idades, o que inclui crianças e idosos, segundo informou o Ministério Público Federal (MPF), compõem a comunidade, que está no local desde 2018.

Sem encontrar água potável, infraestrutura e saneamento básico, o MPF recomendou que a Prefeitura de Presidente Olegário faça uma roda-d’água e ceda outros equipamentos necessários para acesso e distribuição de água ao grupo, em um prazo de 30 dias. O documento foi emitido em 24 de outubro. A prefeitura tem dez dias para responder sobre a recomendação do MPF. Caso não acate o pedido, o Executivo pode sofrer ação judicial.

Assinado pela procuradora da República Polyana Washington de Paiva Jeha, o documento pede rapidez nas medidas por causa do “caráter mais que emergencial da medida”. Há registro de que exames feitos em integrantes do grupo indígena detectaram existência de verminoses, protozoários e dermatites. “Alguns pacientes relataram que, após tomarem água, sentem diarreia e enjoo”, diz a procuradora no documento.

A principal ajuda recebida pelos indígenas parte dos vizinhos. Produtores rurais que se sensibilizam com a situação fazem doações de água potável ao grupo.

Informações obtidas pelo Aparte apontam que os 69 indígenas moram sob lonas improvisadas cedidas pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Eles conseguiram construir um espaço para ministrar aulas para as crianças e adolescentes do grupo. Mesmo de maneira improvisada, já que não há energia elétrica no local, alguns indígenas atuam como professores e tentam lecionar aos mais jovens. A expectativa é que nos próximos meses mais pessoas cheguem para viver no lugar.

Segundo informou o MPF, o grupo vivia em Caldas, na região Sul de Minas, mas deixou o local após desentendimento com o cacique.

Eles passaram por algumas regiões, mas deixaram as áreas depois de decisões da Justiça determinarem reintegração de posse. Em reunião realizada em setembro, a Prefeitura de Presidente Olegário sinalizou que iria contribuir para melhorias no assentamento indígena.

Em contato com o Aparte, o prefeito de Presidente Olegário, João Carlos Nogueira de Castilho (PV), afirmou que o município vai trabalhar para atender a recomendação no menor prazo possível.

“Já fizemos, através da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, no dia 11 deste mês, a revitalização de uma nascente que vai fornecer água de qualidade à comunidade”, disse.

Castilho afirmou ainda que o próximo passo será a aquisição de uma roda-d’água, como recomendado pelo MPF, de uma rede adutora e de um reservatório de 20 mil litros. “Estas instalações atenderão as necessidades emergenciais”, frisou o prefeito.