A cidade de Ipatinga, no Vale do Aço, assiste, desde o dia 15 de fevereiro, a prisões constantes de vereadores do município. Já foram seis representantes do Poder Legislativo detidos pela prática criminosa conhecida como “rachadinha”, que é quando o parlamentar exige parte do salário pago aos servidores do gabinete e que configura crimes como peculato, concussão e lavagem de dinheiro. O número corresponde a um terço dos vereadores na Casa, que conta com 18 parlamentares. O último preso foi o vereador Osimar Barbosa (PSC), conhecido como Masinho, detido junto com o seu chefe de gabinete anteontem. 

A operação cumpriu ainda três mandados de busca e apreensão, um no gabinete do vereador, outro na residência dele e o terceiro na casa do assessor. No gabinete de Barbosa, foram apreendidos diversos materiais e aparelhos eletrônicos. Na residência do assessor foram encontrados cerca de 40 pacotes de papel A4, que, segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), foram possivelmente retirados da Câmara Municipal, o que, confirmando-se, configura peculato em flagrante delito.

Ainda segundo o MP, o vereador José Geraldo de Andrade (Avante), preso em fase anterior da operação Dolos, confessou o crime e imputou a prática dos mesmos atos aos parlamentares da legislatura anterior e da atual, isentando apenas uma pessoa. Andrade celebrou acordo com o MP, pagou fiança e, atualmente, cumpre prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas restritivas de liberdade.

Permanecem presos na Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, cidade vizinha a Ipatinga, os vereadores Paulo Cezar dos Reis (PROS), Rogério Antônio Bento (sem partido), Luiz Márcio Rocha (PTC) e Wanderson Gandra (PSC). Os dois últimos permanecem no cargo, enquanto os demais perderam o mandato ou renunciaram e já foram substituídos pelos respectivos suplentes.

O MP, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), afirma que outras investigações estão em andamento em Ipatinga, o que pode resultar em novas prisões nos próximos dias.

De acordo com a assessoria da Câmara Municipal de Ipatinga, os vereadores Luiz Márcio Rocha e Wanderson Gandra permanecem presos e no cargo. Apesar disso, a Casa informou que, desde que foram denunciados, os vereadores não estão recebendo seus salários. Duas comissões processantes também foram criadas e podem decidir pela cassação ou não dos mandatos dos parlamentares.