Os deputados estaduais Gustavo Santana (PL) e Sargento Rodrigues (PTB), além do vereador de Belo Horizonte Jair Di Gregório (PP), estiveram ontem na rua Guaicurus, no centro de Belo Horizonte, para fiscalizar uma placa colocada em um imóvel abandonado. Segundo o letreiro, no local deve ser instalado o Museu do Sexo e das Putas. A rua Guaicurus é famoso ponto boêmio da capital mineira.
A placa foi colocada pela Fundação Municipal de Cultura (FMC), autorizando as obras de reestruturação do prédio abandonado para a instalação do empreendimento. A simples presença do letreiro causou uma série de questionamentos dos parlamentares que lá estiveram.
Em transmissão ao vivo em suas redes sociais, Jair Di Gregório falou sobre o tema. “Essa placa é que me preocupa. Se tiver dinheiro público envolvido nesse tipo de coisa, vou ser obrigado a entrar com intervenção no Ministério Público. Usar dinheiro público para investir no ‘museu de sexo de putas’ em Belo Horizonte é brincar com a nossa inteligência. Eu sou um vereador que defende a família. Aqui, pode ser feito qualquer outro trabalho dentro da área de cultura, vamos ver se tem verba pública nessa palhaçada”, disparou.
O deputado Sargento Rodrigues também publicou um vídeo em suas redes sociais após a visita. “Nós queremos saber se há dinheiro público, se há trabalho público, se há alguma intervenção pública. Já aprovamos requerimento, através da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa, pedindo informações ao prefeito de Belo Horizonte, à Câmara Municipal e, também, trazendo a denúncia ao Ministério Público da Defesa do Patrimônio Público. Não vamos permitir que algum dinheiro público, que algum servidor público seja empregado nesta obra. É uma denúncia gravíssima. Entendemos que o dinheiro público deve ser utilizado na merenda escolar, na saúde, na área social, e não na construção do Museu do Sexo e das Putas”, afirmou.
Gustavo Santana não tinha publicado vídeos em suas redes sociais até o fechamento desta edição. O material produzido pelos outros dois parlamentares já tinha ganhado o compartilhamento via grupos de WhatsApp.
As obras de intervenção e reestruturação no local são administradas pela Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig). Em contato com o Aparte, a presidente da entidade, Cida Vieira, criticou a atitude dos parlamentares e disse que vai entrar com um processo por danos morais.
“Eles foram lá e denegriram a imagem da associação. Em vez de fazerem uma audiência pública e conversarem conosco, quiseram aparecer para ganhar votos, principalmente o vereador, faltando um ano para a eleição. Não vão ganhar palanque na Guaicurus, não”, disse Cida.
Segundo a presidente da Aprosmig, a placa da Fundação Municipal de Cultura é em relação à autorização concedida pela prefeitura para que a entidade realize as obras no imóvel, que é tombado pelo patrimônio público e se encontra abandonado. Cida informou que o início das obras está previsto para o ano que vem e que até o momento não tem nenhum dinheiro público no projeto, mas afirmou que, depois do episódio de ontem, vai tentar verbas públicas por meio de edital e até pedir emendas parlamentares aos políticos que compareceram ao local.
A FMC informou que “a placa da diretoria de patrimônio indica apenas que o projeto de reforma de um bem tombado passou pela aprovação do Conselho Municipal de Patrimônio, não indicando qualquer gasto de dinheiro público com as obras da reforma”.