Nova sabatina é avaliada como sobrevida para presidente da Funed

A nova sabatina do ex-deputado estadual Felipe Attiê é avaliada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) como uma sobrevida para o indicado pelo governador Romeu Zema (Novo) à presidência da Fundação Ezequiel Dias (Funed). A arguição anterior, realizada há pouco mais de um mês, foi anulada pelo presidente da ALMG, Tadeu Martins Leite (MDB), o Tadeuzinho, após Attiê fugir de questionamentos.

A anulação atendeu a um pedido da presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Beatriz Cerqueira (PT). A deputada acusou Attiê de ter insinuado com um gesto de que ela seria louca. “(É) Violência política de gênero, porque a forma como ele se comportou foi de uma violência contra uma mulher deputada. Naquele momento, deveria ter sido interrompida a reunião e as providências deveriam ter sido tomadas”, defendeu Beatriz.  

A postura de Attiê incomodou não apenas a presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, mas, também, deputados da própria base do governo Zema. Ao Aparte, um deles disse, reservadamente, que Attiê deveria “descer do salto alto e calçar a sandália da humildade” durante a nova sabatina. “Ele não é mais deputado, é presidente da Funed. Ele tem que sentar lá e responder às perguntas dos deputados”, criticou o parlamentar.

O comportamento do presidente da Funed também teria desagradado Tadeuzinho. Respaldada pelo Colégio de Líderes, a anulação foi lida como um recado do presidente a Attiê, de quem foi contemporâneo entre 2015 e 2018 na ALMG. A decisão de Tadeuzinho em atender à questão de ordem feita por Beatriz foi anunciada em plenário no último dia antes do início do recesso parlamentar.

Desde então, alguns deputados têm se aproximado de Attiê em busca de orientá-lo a se ater apenas aos questionamentos sobre a Funed em uma nova arguição. “As críticas e as provocações da oposição são naturais. Ela está na posição dela”, observou outro parlamentar, que ainda ponderou que, como o presidente pediu desculpas, uma eventual exoneração da presidência seria exagerada. 

Apesar do desgaste político, a anulação da sabatina teria sido recebida com alívio pelo governo Zema. Como o parecer favorável à indicação foi aprovado por apenas 3 votos a 2 pela Comissão Especial, havia o temor de que, como os ânimos estavam acirrados em razão das acusações contra Attiê, o parecer, que precisa de maioria simples para ser aprovado, fosse rejeitado em plenário, onde é apreciado em turno único.

Ao menos por ora, a exoneração de Attiê, que está designado como presidente da Funed desde fevereiro de 2023, não seria uma hipótese para o governo, onde já foi subsecretário de Ciência, Tecnologia e Informação. Além de ser avaliado como um bom quadro, o ex-deputado, que integrou a campanha à reeleição de Zema, é próximo ao secretário Gustavo Valadares, quem o apresentou à cúpula do governo.  

Attiê já havia sido o estopim para que a ALMG fizesse a série de 26 sabatinas com os indicados por Zema à presidência de autarquias e fundações. Após ele protagonizar um embate com servidores da Funed na Comissão de Saúde, a oposição passou a questionar por que Attiê ainda não havia sido arguido na ALMG, como prevê a Constituição Estadual em caso de presidentes indicados para autarquias e fundações.

Questionado, Attiê, por meio da Funed, lamentou o ocorrido na sabatina e afirmou que não contesta as decisões da ALMG. “Desta forma, se coloca à disposição do presidente (Tadeuzinho) e demais deputados para participar das sabatinas que forem propostas. O presidente da Funed, posto de confiança, cuja escolha é feita diretamente pelo governador Romeu Zema, reafirma ainda a seriedade de seu trabalho à frente de uma instituição centenária”, acrescentou.

De acordo com Attiê, a dinâmica da arguição não teria possibilitado que ele aprofundasse nos temas propostos. “Felipe Attiê ressalta ainda que alguns questionamentos fugiram do escopo da reunião, o que prejudicou o andamento dos trabalhos. (...) Attiê também se coloca à disposição dos deputados que queiram conhecer de perto os avanços da instituição e os desafios enfrentados nestes poucos meses de gestão”, concluiu.