Antigo partido do presidente Jair Bolsonaro e da ala ligada ao chefe do Executivo, o PSL pode lançar a ativista Marcela Valente para concorrer à Prefeitura de Belo Horizonte. Se o nome dela for confirmado, a pré-candidatura vai expor nas urnas a divisão que ocorreu na direita entre bolsonaristas e lava-jatistas.
Marcela, que atualmente preside o PSL Mulher na capital, liderou alguns movimentos pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff em 2015 e, recentemente, também participou de manifestações pró-Bolsonaro na praça da Liberdade antes da ruptura dele com o então ministro da Justiça, Sergio Moro.
A opção por Marcela seria para justamente disputar os votos de parte da direita com o pré-candidato bolsonarista, o deputado estadual Bruno Engler (PRTB), e, ainda, isolar o vereador Léo Burguês (PSL) no partido, já que a legenda tem ressalvas à gestão de Alexandre Kalil (PSD) na qual Burguês é o líder de governo na Câmara Municipal.
Procurada pelo Aparte, Marcela não confirmou nem negou a pré-candidatura e disse que o nome dela está à disposição do PSL. Ela, entretanto, reconhece a divisão na direita. “O Bruno (Engler) já esteve comigo várias vezes nas minhas caravanas indo para Brasília. A direita teve um racha já. Eu sou lava-jatista, sou Moro, sou combate à corrupção, sou Estado mínimo e acho que muitos já largaram essa bandeira. Acho que a bandeira do Bruno é o Bolsonaro somente. Acho que é o embate que está tendo nas redes sociais que vai para as urnas”, afirmou.
Marcela alfinetou, inclusive, a juventude de Engler (23 anos). “O Bruno é muito novo, então, assim, não sei se ele confirmou (a pré-candidatura), mas, se for sair (candidato)... nossa! Porque acho que tem dois anos que disputou o primeiro cargo para deputado somente por levantar bandeira do Bolsonaro, então não sei, teria o embate (com o Bruno Engler), mas com respeito”, disse a ativista.
Engler rechaçou proximidade com a ativista e sentenciou: “Direita só tem uma, e é a que está com Bolsonaro”. “Tenho relacionamento respeitoso com ela, mas a gente nunca foi próximo politicamente. Tivemos pauta em comum, algumas vezes trabalhamos juntos, mas nunca foi do meu grupo político. Direita é uma só e é quem está com Bolsonaro. É a mesma coisa que vimos no cenário nacional, que o Moro desidratou e que a Joice desidratou. Não existe esse público da ‘direita morista’, isso é fantasia”, rebateu.
Sobre sua idade, Engler acredita não ser um impeditivo e que o prefeito “não precisa saber de tudo, mas precisa ter o ideal certo”.
Em 2016, durante a campanha eleitoral à PBH, Marcela foi flagrada com outras quatro pessoas divulgando material apócrifo contra o então candidato Alexandre Kalil no centro de Belo Horizonte. Na ocasião, as cinco pessoas disseram ser de um grupo não filiado ao PSDB, que tinha João Leite no pleito, e que fizeram a ação por contra própria. Ao Aparte, Marcela disse que teve um “problema pessoal” com o hoje prefeito por ter pregado adesivos na cidade com os dizeres de “Votar no Kalil é votar no PT” e que não mudou de ideia sobre o fato.
O presidente do PSL no Estado, Charlles Evangelista, elogiou o nome de Marcela Valente e confirmou que é uma possibilidade para a pré-candidatura pela sigla. Ele, entretanto, diz que a legenda faz uma análise para ser uma “direita racional e sem extremismo”.
O Aparte tentou contato por dois dias com o vereador Léo Burguês, mas não teve as ligações atendidas.