A polêmica entre apoiadores e pessoas contrárias à regulamentação da profissão de coach – profissional conhecido por auxiliar pessoas a atingir rapidamente metas pessoais e profissionais – chegou ao Senado. Em Brasília, até então, os contrários estão em vantagem.
Uma ideia legislativa, de iniciativa popular, se transformou na Sugestão nº 26/2019, que pede a criminalização da profissão. A proposta está sob análise da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal e pelo site e-cidadania já recebeu o apoio de mais de 24 mil pessoas. O relator da proposição é o senador gaúcho Paulo Paim (PT).
No texto apresentado, a justificativa é de que ao se criar uma legislação específica para criminalizar a profissão, a população ficaria protegida do charlatanismo. “Não se permitirá o charlatanismo de muitos autointitulados formados sem diploma válido. Não permitindo propagandas enganosas como: ‘reprogramação do DNA’ e ‘cura quântica’. Desrespeitando o trabalho científico e metódico de terapeutas e outros profissionais das mais variadas áreas”, diz o autor da ideia. Os que defendem a sugestão, afirmam que os coaches exploram a boa-fé das pessoas, sem uma formação mínima para atuar e vendem a imagem de um “terapeuta do sucesso”.
De outro lado, apoiadores pedem a regularização da profissão. Nesse caso, porém, ainda é somente uma ideia, também de iniciativa popular, apresentada ao site do Senado. Para se transformar em sugestão e ser debatida na Casa, a proposta deve alcançar o apoio mínimo de 20 mil pessoas até setembro. Até o momento, possui pouco mais de 4.200 apoiadores. Na justificativa da proposta, o autor que é do Rio Grande do Sul, argumenta que coaches e mentores atuam há muitos anos, entretanto apenas nos últimos 40 anos a profissão ganhou destaque.
“Já temos em três Estados da Federação, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo, o Dia do Coach, que é celebrado todo 12 de novembro. São aproximadamente 70 mil profissionais no Brasil formados por diversas escolas e sem definição de currículo mínimo ou carga horária mínima. O mesmo ocorre com o mentoring. Ambas metodologias de desenvolvimento humano são consolidadas em países como Estados Unidos, Canadá e em toda a Europa. A ideia é que tenhamos a regulamentação da profissão”, explica o autor da proposta.
Atualmente, qualquer pessoa pode se tornar coach, desde que domine o conhecimento da área em que atua. O curso preparatório também aborda técnicas de gestão de pessoas, psicologia e outras áreas da ciência.
Diante do embate de ideias, se alguma das propostas for aprovada na CDH do Senado, elas se transformam em projeto de lei. Antes de ir a plenário para votação, outras comissões como a de Educação, Cultura e Esporte (CE) também precisam proferir um aval. No mês passado, o presidente da CE, senador Dario Berguer (MDB -SC) afirmou que, caso as propostas cheguem à comissão, é preciso que seja feito um “amplo debate com a sociedade e os profissionais envolvidos, para que possa se encaminhar o melhor resultado possível”.