A comissão processante que apura acusações contra o vereador Wellington Magalhães (DC) ouviu nesta quinta-feira (7) o investigado na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). Durante o depoimento, Magalhães foi questionado por Mateus Simões (Novo) sobre supostas propinas que seriam pagas a parlamentares para se ausentarem de BH na semana da votação.

“Há notícias de que estão sendo programadas viagens de alguns vereadores, pedidos de licença de outros e alguns recebendo dinheiro para que não estejam em BH na semana do dia 18 a 23”, disse Simões, indagando se Magalhães saberia algo a respeito.

O investigado disse que o correligionário de Romeu Zema deveria citar nomes e que a denúncia era seriíssima. “Isso é uma coisa muito grave que você está falando. O senhor tem que dar nomes e provar. Os vereadores aqui são corretos e sérios. Se você está querendo denunciar, fale o vereador. Não tenho notícia de nada”, se defendeu.

Após a reunião, Simões disse à imprensa que servidores ligados ao gabinete de Magalhães teriam recebido malas de dinheiro durante a madrugada. Valores seriam pagos a vereadores que se abstivessem ou votassem a favor do investigado.

“Espero que não seja verdade, que ninguém esteja programando viagem para faltar a essa deliberação e nem que haja manipulação para que haja licença de forma que essas pessoas não compareçam, porque se não vierem aumenta a chance de Wellington Magalhães ser mantido no cargo. Precisamos dos 28 votos favoráveis. (O recebimento das malas) foi visto por vizinhos, disseram que há vereadores recebendo dinheiro, o ‘ticket’ é de R$ 200 mil”, garantiu Simões.

Sem citar nomes e siglas, o vereador do Novo afirmou ainda que presidentes de partidos e deputados federais estão fazendo pressões “contra vereadores. Eles estão sendo ameaçados de não terem legenda ano que vem”, se forem contra Magalhães.

Questionado sobre quem seriam os envolvidos na suposta tentativa de livrar o colega da cassação, Simões preferiu adotar a cautela.

“Vocês (imprensa) têm que compreender que uma pessoa que anda escoltada como eu, por risco à minha vida, não tem a tranquilidade que tinha no passado de apontar o dedo. Essa é uma perda minha na condução dessa denúncia. Sou um sujeito que tento manter a dignidade do cargo, mas atuo com medo das consequências”, ponderou.

Com relação à oitiva, Magalhães negou irregularidades em licitações, refutou tráfico de influência na Polícia Civil e afirmou não saber de investigações contra ele.

“Nunca soube de investigação contra a minha pessoa, até me assustei. Não tinha informação nenhuma, de ninguém”, declarou.

Sobre licitações, o ex-presidente da CMBH disse que tudo que é pago passa pelo crivo dos diretores e que assinou documentos sem ver. Após a acareação, Magalhães e seu advogado não quiseram falar com a imprensa.

Atritos

A temperatura da reunião desta quinta se alternou entre morna e quente. Após discussões entre o advogado de Wellington Magalhães, Sérgio Rodrigues e o vereador Mateus Simões (Novo) logo no início, as oitivas ocorreram sem grandes problemas.

Entretanto, um bate-boca foi protagonizado entre o investigado e Elvis Côrtes (PHS), relator do caso. Magalhães acusou o colega de ir de gabinete em gabinete falar que o parecer dele vai ser pela cassação do ex-presidente da Casa.

“Ele já falou em vários gabinetes que o relatório dele ia ser contra. Isso tudo eu tenho prova. Tem que ser tudo técnico no relatório”, acusou Magalhães.

“Você não manda em mim, tem que provar que entrei em gabinete. Pega as filmagens. Não tenho medo do senhor, nem de ninguém. Essa acusação foi muito infeliz”, rebateu Côrtes.

Depois, Magalhães disse que pode ter se exaltado e pediu desculpas.

Novidade

Ainda durante reunião da comissão processante, o advogado Sérgio Rodrigues disse que o seu cliente, Wellington Magalhães (DC), não usa mais tornozeleira eletrônica. A retirada teria ocorrido na manhã desta quinta por determinação da Justiça.

Sem passar detalhes, por se tratar de um ato sigiloso, Rodrigues disse que o processo foi suspenso pela 4ª Vara Criminal de Belo Horizonte. “Com isso, não existe nenhum processo criminal tramitando contra Wellington Magalhães”, disse Rodrigues.

O ex-presidente da Câmara de BH era monitorado eletronicamente desde maio do ano passado, quando deixou a prisão. Na Câmara, ele disse que a tornozeleira não causou constrangimento no cumprimento do mandato.