CPI dos Fura-filas

Após ato no aeroporto, governo teve que vacinar servidores para não perder doses

Trinta e cinco doses sofreram oscilação de temperatura após evento simbólico feito pelo governo de Minas, e foram aplicadas em servidores da Central de Frio no mesmo dia

Por Franco Malheiro
Publicado em 04 de maio de 2021 | 11:34
 
 
 
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A área técnica da Secretaria de Estado de Saúde teria orientado o governo a não realizar o evento simbólico de vacinação no aeroporto quando a primeira remessa de vacinas chegou a Minas Gerais, em 18 de janeiro, sob o risco de se perder as doses. Mesmo assim, o evento foi realizado e, com isso, uma caixa com 35 doses sofreu variação de temperatura e, para evitar o descarte, servidores da Central de Frio foram vacinados ainda naquela madrugada. 

As informações foram passadas pela diretora de Vigilância de Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Janaína Fonseca Almeida, em depoimento, nesta terça-feira (4) à CPI dos Fura- Filas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). 

“A caixa saiu do avião e foi direcionada até o evento, não era uma recomendação técnica que o evento ocorresse justamente em razão do excesso de luminosidade, que essa vacina estaria à mercê de variação de temperatura, o que ocorreu. Percebendo que aquelas vacinas poderiam ter que ser descartadas se fossem enviadas ao interior, resolvemos vacinar a equipe que estava na Central de Frio trabalhando para organizar as doses que iriam para o interior”, relatou a servidora.

O evento simbólico ocorreu em 18 de janeiro, no aeroporto de Confins, logo após a primeira remessa de vacinas ter sido enviada ao Estado pelo Ministério da Saúde. Na ocasião, cinco servidores foram os primeiros vacinados do Estado. Depois da cerimônia, as 577.480 doses foram para a Central de Frio do Estado, em Belo Horizonte, e no dia seguinte distribuídas para os municípios.    

Segundo ela, a ordem para que o evento, mesmo com as recomendações da área técnica, veio do próprio governo do Estado. 

“Naquele momento havia uma insegurança muito grande com a vacina, as pessoas duvidavam ainda da eficácia. O evento foi importante para aumentar a conscientização, mas do ponto de vista técnico a gente sabia do risco de desvio de temperatura, o que realmente aconteceu”, completou Janaína em seu depoimento. 

O governo do Estado, por nota, afirmou que o evento no Aeroporto de Confins foi realizado com intuito de reforçar a importância do processo de imunização. 

A CPI entrou na reta final da investigação sobre a vacinação. Na quinta-feira (6) vai ouvir o ex-secretário adjunto, Marcelo Tavares e na próxima segunda-feira (10)  o ex-secretário, Carlos Eduardo Amaral. Mas a CPI também vai investigar os gastos em saúde do governo Zema, o que ainda nem começou.

Matéria em atualização

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