As ferramentas de inteligência artificial também devem se tornar o principal instrumento de contra-ataque dos marqueteiros frente ao avanço das deepfakes. A técnica, que usa IA para clonar vozes e trocar rostos em vídeos, por exemplo, foi amplamente usada para difamar a imagem dos candidatos nas eleições presidenciais da Argentina no ano passado, e acendeu o alerta das autoridades para o risco de interferência no processo eleitoral brasileiro em 2024.
Diretor de uma agência de marketing eleitoral que usa IA para elaborar estratégias de campanha, Antonio Carlos Paes Barbosa afirma que já é possível usar a inteligência artificial para fazer uma varredura nas redes em busca de conteúdos falsos que ataquem determinado candidato.
“Desde 2022, já vínhamos identificando os ataques. Mas hoje, com uma ferramenta de IA, já consigo detectar uma deepfake, uma mensagem maliciosa, isso é capturado e nós reconfiguramos esse ataque. Tentamos destruir esse conteúdo, como se fosse um ataque cibernético”, explica Barbosa.
Na avaliação do advogado e ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás Luciano Hanna, a preocupação sobre a disseminação de deepfakes vai além da guerra entre campanhas e deverá ser punida com rigor a partir das normas a serem aprovadas até março pelo TSE.
“A princípio, o que temos claro é que virá uma punição dura quanto ao uso de IA que possa interferir no resultado das eleições por meio de notícias e conteúdos falsos. A única certeza é a punição”, explica.