O estremecimento na base de governo na Assembleia Legislativa (ALMG) não atinge somente o PSDB, partido que atualmente comanda o bloco e que garante a sustentação política do próprio colegiado. Com três deputados, o PSC pode desembarcar oficialmente do grupo de apoio a Zema na Casa, o que ameaça a existência formal da bancada governista. Atualmente, os aliados somam 17 deputados, mas regimentalmente são necessários, no mínimo, 16 parlamentares para que o bloco continue existindo.

Uma reunião com a base será realizada hoje para definir os rumos que o PSDB vai tomar em relação ao governo. Devem participar do encontro o Avante, o Novo e o Solidariedade, que integram oficialmente o grupo. O PSC não estará presente por querer discutir a situação internamente antes. Os nomes da sigla que fazem parte da base são Noraldino Júnior, Raul Belém e Gustavo Mitre.

“Vamos fazer uma avaliação interna antes para discutir a situação”, confirmou à reportagem Noraldino, sem dar mais detalhes sobre qual é a tendência da sigla. A expectativa é que o encontro seja realizado no início da próxima semana.

Atualmente, o PSC tem a segunda maior bancada do bloco de governo, ficando atrás apenas dos tucanos, que somam seis parlamentares. Mesmo que o PSDB não opte pelo desembarque, o que é uma possibilidade, os membros da sigla podem deixar de apoiar Zema. Nos bastidores, interlocutores da legenda dizem que é preciso que o governo adote um discurso uníssono. “Você fica inseguro de estar na base. Por que ficar se você não participa das tomadas de decisões?”, reclamou um parlamentar, referindo-se à falta de comunicação prévia do governo sobre o recuo no projeto de recomposição da segurança pública, que causou o início da crise política.

Outro ponto que tem incomodado – não apenas o PSC, mas outras siglas – foi o encontro realizado por Zema, na sexta-feira passada, com representantes do Partido Novo, de diversos Estados, na Cidade Administrativa. “Como o governador chama todos os mandatários do Novo? Como eleitor, você não acha que teria que ser feito com a base? O que um deputado de São Paulo tem a ver (com Minas), a não ser a ligação partidária com o Novo?”, questionou outro interlocutor do PSC. Na leitura dele, é preciso uma mudança de postura do Palácio Tiradentes. “Todo mundo (da base) sente que o Partido Novo acredita que está acima (dos demais)”.

A insatisfação do PSC não teve início na semana passada. No início do governo, em 2019, os parlamentares da sigla defendiam independência, mas optaram por integrar a base. No mês passado, durante a reorganização dos blocos na ALMG, a sigla voltou a cogitar o desembarque, mas, diante da possibilidade de inviabilizar a existência do grupo de apoio ao governo, foram convencidos pelo PSDB a voltar atrás e permanecer na base.

A leitura dentro do PSC é que a base de governo ruiu e que, para ajudar o Estado, não necessariamente a sigla precisa estar no grupo de apoio a Romeu Zema.