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Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para comandar a Procuradoria Geral da República (PGR), o subprocurador Augusto Aras disse, nesta quarta-feira (25), no início de sua sabatina no Senado, que pretende estender o que chamou de boas práticas da Lava Jato a todo o Ministério Público.
"A chamada operação Lava Jato representou importante marco no combate à corrupção. As boas práticas ali desenvolvidas devem ser estendidas a todo o Ministério Público", disse Aras em suas considerações iniciais diante de senadores da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
É esta a comissão que o sabatinará pelas próximas horas, antes de os integrantes do colegiado votarem. Senadores acreditam que ele terá uma aprovação tranquila e que esse cenário deve se repetir no plenário da Casa, onde terá sua indicação votada nesta tarde.
No plenário, Aras precisará de maioria absoluta (41 de 81 senadores) para ser aprovado em votação secreta. Se a indicação de Aras for aprovada no plenário do Senado, caberá ao presidente da República nomeá-lo, por meio de decreto.
Logo no início da sessão, apresentou à comissão documentos que comprovam que devolveu sua carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e retirou-se da sociedade do escritório Aras e Advogados Associados, com sede em Salvador.
O relator da indicação, senador Eduardo Braga (MDB-AM), explicou que não há impedimento para que ele seja sócio de um escritório de advocacia porque ele ingressou no Ministério Público antes da promulgação da Constituição de 1988.
Antônio Augusto Brandão de Aras, 60, nasceu em Salvador e é professor da UnB (Universidade de Brasília) e da Escola Superior do Ministério Público da União. Ingressou no Ministério Público Federal em 1987 e desde 2011 é subprocurador geral da República.
Esta é a primeira vez, em 16 anos, que um presidente da República despreza a lista tríplice, formada a partir de uma eleição interna no Ministério Público Federal, e indica para o comando da instituição alguém que não teve o voto dos colegas. Aras não disputou o pleito.
A categoria reagiu com uma enxurrada de queixas nas redes sociais e uma nota da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), que classificou a indicação como um "retrocesso democrático e institucional", por causa do desrespeito à lista tríplice.
O presidente da República não é obrigado a seguir a lista, mas isso havia se tornado uma tradição. Defensores da eleição interna argumentam que a lista ajuda a garantir a independência da PGR em relação ao Executivo. Para Aras, diferentemente, a disputa levou para o MPF todos os vícios de uma eleição, como o clientelismo e o toma lá dá cá.