BRASÍLIA — A avaliação de deputados e aliados do Palácio do Planalto é que o atentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nessa quarta-feira (13) enterra o Projeto de Lei (PL) que anistia os presos pelos atos do 8 de Janeiro. A proposição antes em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça foi retirada do âmbito do colegiado por determinação do presidente Arthur Lira (PP-AL) em outubro, que impôs a ela a criação de uma comissão especial para analisar o PL.
A comissão ainda não saiu do papel, e análise de parlamentares é que as explosões dificultarão a aprovação do Projeto de Lei — que, até então, angariava o apoio da oposição e de deputados do Centrão, que devem recuar. Ainda nessa quarta-feira, parlamentares ligados à base alimentaram uma onda nas redes sociais contra a anistia para os presos pelos atos do 8 de Janeiro correlacionando-os ao atentado recente.
"Por isso é tão importante garantir que não haja anistia, mas sim responsabilização dos golpistas. A banalização da violência e o ódio contra a democracia escalou muito e culminou nesse ato absurdo hoje praticado por um ex-candidato filiado ao PL", disse a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP). Comentários semelhantes pipocaram nos perfis de políticos ligados à esquerda — a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), entre eles.
Interlocutores do Palácio do Planalto também avaliam que o atentado complicará a tramitação da proposta de lei.
No início da primeira sessão após o ocorrido, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) engrossaram o coro contra o Projeto de Lei da Anistia.
"Relativamente a este último episódio, algumas pessoas foram da indignação à pena, procurando naturalizar o absurdo. Não veem que dão um incentivo para que o mesmo tipo de comportamento ocorra outras vezes. Querem perdoar sem antes condenar", disse o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso. "A gravidade do atentado reforça também, e sobretudo, a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia", acrescentou.
O ministro Gilmar Mendes acrescentou que o atentado não é um fato isolado. "É essencial que o Brasil e suas lideranças façam um apelo à memória, travando verdadeira luta contra o esquecimento", declarou.