REPERCUSSÃO

Moro diz que julgamento foi técnico e descarta possibilidade de concorrer à Presidência em 2026

O TSE foi contrário à cassação do mandato do senador; o ex-juiz da Lava Jato afirmou que é preciso se “orgulhar” do Judiciário

Por Levy Guimarães
Publicado em 22 de maio de 2024 | 11:33 - Atualizado em 22 de maio de 2024 | 11:49
 
 
 

BRASÍLIA - O senador Sergio Moro (União-PR) comemorou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o inocentou, na última terça-feira (21), das acusações de abuso de poder econômico, caixa dois e uso indevido dos meios de comunicação. O ex-juiz da Lava Jato ainda descartou concorrer às eleições presidenciais de 2026. De acordo com ele, o plano é apoiar o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), durante o pleito.

O TSE analisava dois recursos que pediam a cassação do mandato do parlamentar. Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (22), no Senado, Moro classificou o julgamento como “técnico e independente”, destacando o fato de o resultado ter sido o unânime, com sete votos a zero pela absolvição. Um dos votos foi do presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes.

“A opinião pública é unânime. Tenho visto a imprensa hoje, todo mundo afirmando que o julgamento foi técnico, independente e correto. Não vi críticas ao conteúdo jurídico desse julgamento. E aí nós temos que nos orgulhar do nosso Judiciário, que mostrou essa independência”, afirmou.

O senador ainda afirmou que eram “exagerados” os “boatos” que corriam de que a Justiça Eleitoral iria cassar o mandato dele no Senado, apontando terem sido criados por “muita gente sem conhecimento”.

A Corte julgou dois recursos apresentados pelo PL e pela coligação Brasil da Esperança - PT, PcdoB e PV - que contestavam decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) que foi favorável à absolvição do parlamentar.

Eleições 2026

Ainda em coletiva de imprensa, Moro negou a hipótese de se candidatar à Presidência da República nas eleições de 2026, mas reiterou que é oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao falar sobre o tema, ele pontuou que é preciso deixar de lado o “espírito de revanchismo” e a “polarização exacerbada” que impede a busca de  convergências nos pontos comuns.

O ex-juiz da Lava Jato reiterou ainda o compromisso de apoiar o nome que o União Brasil escolher em 2026, e que hoje é o de Caiado. Moro ressaltou, contudo, que na impossibilidade de se ter o chefe da administração estadual de Goiás na disputa, ele estará ao lado de quem estiver contra o PT. Nesse contexto, ele poderia apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou Romeu Zema (Novo), que é governador de Minas Gerais.

"Nós temos um plano no União Brasil. Temos um candidato, e isso vai se resolver apenas em 2026, mas temos o governador Ronaldo Caiado como um forte candidato à presidência da República e meu plano em 2026 é apoiar um candidato que nós consigamos defender as pautas", disse.

"Sou oposição ao governo Lula. Em 2026 estarei defendendo um projeto para derrotar o PT, tendo outros candidatos à frente para buscar a presidência, como o governador Ronaldo Caiado, talvez o governador Tarcísio, talvez o governador Romeu Zema. Mas o fato é que temos que diminuir a temperatura política. E nesse aspecto, quando há possibilidade de convergir, com até políticas do governo Lula, agora em socorro ao Rio Grande do Sul, eu votarei a favor", completou.

Julgamento no TSE

Iniciado em 16 de maio, o julgamento foi retomado na terça-feira (21) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com as sustentações orais das acusações e da defesa, seguidas do parecer do Ministério Público Eleitoral e, só então, dos votos dos ministros.

Primeiro a votar, o relator Floriano de Azevedo Marques julgou improcedentes os recursos dos partidos e votou pela absolvição de Moro. Seguiram o voto do relator os ministros André Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Nunes Marques, Isabel Galotti, Raul Araújo e, por fim, o presidente da Corte, Alexandre de Moraes.

O PL e o PT contestavam, principalmente, as verbas de fundo partidário empregadas na campanha de Moro, primeiro à Presidência da República e depois ao Senado. Em novembro de 2021, o ex-juiz foi anunciado pelo Podemos como pré-candidato a presidente, iniciando ali uma série de agendas e viagens pelo país custeadas com recursos do fundo eleitoral.

Meses depois, a legenda desistiu da candidatura de Moro. Ele, então, se filiou ao União Brasil e saiu candidato a senador pelo Paraná, sendo eleito em 2 de outubro. As ações movidas pelos partidos alegam que Moro obteve vantagem eleitoral sobre seus concorrentes ao Senado diante da ampla propagação de sua imagem, em inserções comerciais e vídeos, financiados durante sua pré-campanha a presidente.

Os recursos movidos separadamente pelo PT e pelo PL pediram a cassação da chapa e inelegibilidade do senador e de seu primeiro suplente Luís Felipe Cunha, advogado de 45 anos que é considerado um braço direito de Moro.

Na sustentação oral, a defesa negou ilegalidade na eleição do senador, afirmando que as ações que tramitam na Justiça Eleitoral contra ele apresentam valores “inflados” para os gastos durante sua pré-campanha.

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