BRASÍLIA - O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) postou um vídeo, neste sábado (21), em que mostra a atuação da Polícia Militar durante a desocupação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Na tarde de sexta-feira (20), ele foi detido pela PM após uma confusão entre os policiais e alunos que ocupavam o prédio da instituição em protesto.

“O que aconteceu ontem foi um banho de truculência”, classificou o parlamentar. “Estudante levar bomba, agressão e todo tipo de ameaça dentro de uma universidade pública? A ação e nota pública da Reitoria, em que legitima isso, é vergonhosa”, completou. 

Glauber Braga afirmou que participava de um comitê de negociação entre os envolvidos.  Além do deputado, três estudantes foram detidos. Todos foram soltos por volta das 21h50. 

Alunos ocupavam prédios da Uerj desde julho

Desde julho, alunos estavam acampados em prédios da universidade, em protesto pelo corte de benefícios, como auxílio alimentação e auxílio material didático, a bolsistas em situação de vulnerabilidade social. Na sexta-feira, a Polícia Militar foi autorizada a entrar na instituição, após uma ordem judicial de desocupação do prédio João Lyra Filho. 

A universidade informou, por meio das redes sociais, que decisão judicial da 13a Vara de Fazenda Pública havia determinado a saída dos estudantes e pediu que os jovens deixassem o local de forma “voluntária e pacificamente”. Caso a ordem não fosse cumprida, havia o risco de uso das forças policiais.   

Os policiais do Batalhão de Choque da PM entraram na universidade no início da tarde de sexta-feira e utilizaram bombas de efeito moral. Segundo a PM, os estudantes jogaram pedras e pedaços de madeira contra os policiais, que revidaram as agressões.  

O PSol informou que acionará o Supremo Tribunal Federal (STF) após a detenção do deputado Glauber Braga, já que os parlamentares possuem prerrogativa constitucional e só podem ser presos em flagrante, por crime inafiançável. 

“A inconstitucionalidade da detenção do deputado Glauber Braga é explícita e tomaremos as medidas necessárias para garantir o livre exercício do mandato parlamentar, a integridade física, a liberdade de manifestação e contra o abuso policial a todas as instâncias e poderes cabíveis”, afirma o texto. 

“Acionaremos o Supremo Tribunal Federal, tendo em vista a violação da imunidade parlamentar do deputado Glauber Braga; o Superior Tribunal de Justiça, tendo em vista os desmandos do governador Cláudio Castro; e o Ministério da Educação, cobrando medidas enérgicas para que não se repitam os episódios de truculência vistos na data de hoje”, diz a nota divulgada pelo partido, na sexta-feira. 

Em nota, a Uerj lamentou que a situação tenha chegado a esse ponto, mas enfatizou que fez todos os esforços para negociação. 

"Na ação determinada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, foi concluída a desocupação do pavilhão João Lyra filho e assinada a reintegração de posse dos espaços da Uerj. Houve inicialmente a entrada dos oficiais de justiça e da comissão de direitos humanos da OAB, para empreender uma negociação. Na sequência, se deu a entrada das forças policiais no campus Maracanã da Universidade. Ao longo do procedimento, um policial se feriu e foi levado para o hospital. Entre os estudantes, não houve registro de feridos até então. 
A maior parte dos grupos da ocupação se evadiu antes que os agentes pudessem identificá-los. Outros, no entanto, foram detidos e levados para registro de ocorrência, visto que se encontravam em descumprimento de decisão judicial. No caso dos grupos que deixaram o campus, há imagens de ataques violentos dos manifestantes, atirando pedras e até um rojão em direção à tropa de policiais. Já há a confirmação de que novas depredações foram feitas pelos ocupantes, para além das registradas no momento da invasão da Reitoria, no dia 26/7. 
A Reitoria da UERJ lamenta profundamente que, apesar de todos os esforços de negociação - oito reuniões com entidades representativas dos estudantes, audiência de conciliação com a juíza do Tribunal de Justiça -, a situação tenha chegado a esse ponto de intransigência por parte dos grupos extremistas da ocupação."