BRASÍLIA - O líder do governo Lula (PT) na Câmara dos Deputados, José Guimarães (CE), afirmou nesta terça-feira (1º) que o relatório do Projeto de Lei (PL) para isentar o Imposto de Renda (IR) para quem ganha salários de até R$ 5 mil deve ir à votação na comissão especial até o dia 15. A perspectiva é que a proposta seja votada no plenário da Câmara no início de agosto após o recesso parlamentar.

Uma articulação da base com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), entregou a relatoria da proposta para Arthur Lira (PP-AL), que presidiu a Câmara até fevereiro. Inicialmente, Lira calculava entregar o relatório preliminar da proposição até a última sexta-feira (27). Ele, entretanto, optou por adiar a entrega e mergulhou a Câmara em especulações. A principal delas é que o adiamento se devia à indisposição geral provocada pela derrubada do decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que aumentou as alíquotas do IOF.

Guimarães contestou. "Eu e a ministra Gleisi Hoffmann [das Relações Institucionais] estivemos com o deputado Arthur Lira ontem [segunda-feira, 30] à noite. A votação do imposto de renda é uma das prioridades do governo. Conversamos bastante", disse. "Não foi ele que adiou essa semana a apresentação do relatório do IR. Foi um pedido da Fazenda para adiar para outra semana", expôs.

Guimarães tenta pôr panos quentes sobre derrubada do IOF

Guimarães disse nesta terça-feira que ligou para o presidente Hugo Motta na segunda-feira à noite para antecipar que a Advocacia-Geral da União (AGU) ingressaria com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a derrubada do decreto que aumentou as alíquotas do IOF. 

Ele garantiu que a movimentação do Palácio do Planalto para recompor o decreto do IOF não é uma afronta ao Congresso e minimizou a indisposição entre governo Lula e Legislativo.

"O esforço que estamos fazendo não é para chamar o país contra o Congresso. Nós não faremos nenhum movimento, como líder do governo, contra o Congresso", afirmou. "Conversei com ele [Hugo Motta] por telefone ontem [segunda-feira] e comuniquei antecipadamente que o governo tinha decidido recorrer ao Supremo. Não recorrer propriamente contra a derrubada do decreto, mas requerer a declaração de constitucionalidade da medida decretada pelo governo", explicou.

No intento de pôr panos quentes sobre a derrota, Guimarães disse que o gesto do Congresso é normal. Ele, entretanto, admitiu que há, sim, ressentimento diante do ocorrido. "Eu saí daqui no dia da votação de cabeça baixa, chateado, e fui para o Palácio do Planalto encontrar o presidente Lula. Eu, o líder Jaques Wagner [líder do governo no Senado] e a ministra Gleisi Hoffmann. É claro, nós fomos derrotados. E aceitamos", disse. 

"Não vamos incitar contra deputado A ou deputado B. Evidentemente que nós nos ressentimos com os parlamentares de partidos que integram a base do governo e votaram pela derrubada... isso é fato. Mas, é um processo de construção", completou.