BRASÍLIA - O deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) pediu a cassação do mandato do deputado Glauber Braga (Psol-RJ) pelo episódio de expulsão, aos chutes, de um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) da Câmara. Magalhães é relator do caso no Conselho de Ética da Câmara e apresentou seu parecer nesta quarta-feira (2).
Magalhães declarou que “não restam dúvidas” de que Glauber Braga “agrediu fisicamente” Gabriel Costenaro”. O caso foi em 16 de abril de 2024. Segundo o relator, um vídeo do momento entregue pelo Departamento de Polícia Legislativa mostra quando Glauber aborda Costenaro e, em seguida, troca de acusações e insultos.
“Na sequência, o deputado Glauber Braga colocou os seus pertences em um balcão e saiu atrás de Gabriel Costenaro, que já tinha se afastado. Ato contínuo, o representado passou a empurrá-lo para fora das dependências da Câmara dos Deputados e, mesmo depois de retirá-lo, tornou a empurrá-lo e desferiu chutes contra ele, que não reagiu”, argumentou.
O relator continuou: “Extrai-se das filmagens dos fatos que diversas pessoas tentaram contê-lo, para que o representado não agredisse o Gabriel Costenaro, inclusive seus apoiadores e outros deputados. No entanto, o deputado Glauber Braga não atendeu a tais apelos, reagindo de forma desproporcional às provocações”.
Magalhães citou, ainda, que o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) se sentiu ofendido verbalmente por Glauber por ser acusado de “defender o regime nazista”. O relator destacou ainda que testemunhas de defesa denunciaram o modo de abordagem e provocação de integrantes do MBL contra parlamentares, muitas vezes até com ameaças.
“Não se questiona a gravidade da situação relatada pelo deputado Glauber Braga. Sem dúvida, essas alegações são preocupantes e devem ser apuradas. No entanto, o processo não tem como objetivo desvelar supostos ilícitos praticados por integrantes do MBL, mas sim esclarecer a conduta imputada ao representado”, completou o relator.
Um pedido de vista adiou a votação do relatório, que deve voltar à pauta na próxima semana. Se o parecer for aprovado no Conselho de Ética, haverá uma outra votação no plenário sobre o futuro do mandato de Glauber. O deputado só será cassado se, nessa etapa, o pedido de punição receber o apoio de pelo menos 257 deputados.
Glauber falou após a leitura do relatório. "A reiteração das agressões daquele provocador [Costenaro] são conhecidas por todos aqui, e são conhecidas também pelo relator. Ele [relator] sabe que não está pedindo a minha cassação por conta disso. Quando ele deitar para dormir hoje, ele vai saber que o pedido de cassação que ele está fazendo não tem nada a ver com aquele episódio”, disse.
O deputado também disse estar “tranquilo” e com “espírito de luta”, mas “indignado”, e acusou novamente que o parecer de Magalhães foi “previamente comprado” pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). “O relator, no seu desespero em poder agradar quem de fato escreveu o relatório, nem disfarçou. Quem escreveu o seu relatório foi Arthur Lira. Vou trazer elementos de que o seu relatório estava comprado”.