BRASÍLIA — A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) começará a analisar nesta quinta-feira (24) o recurso apresentado pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) contra a cassação do mandato dele aprovada pelo Conselho de Ética no último dia 9. 

Apesar de ter interrompido o protesto graças a uma articulação com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), Glauber não conseguiu construir um acordo com o presidente da comissão, deputado Paulo Azi (União Brasil-BA). A perspectiva é que o recurso seja rejeitado e a análise do processo de cassação siga para o plenário. O único trunfo de Glauber é um acerto feito com Motta. O presidente da Câmara prometeu dar a ele um prazo de 60 dias, após a discussão na CCJ, para somente então colocar a cassação em votação no plenário.

A comissão é a primeira boia de salvação de Glauber. O deputado protocolou nessa terça-feira um recurso que ataca a condução do processo dele no Conselho de Ética; os principais alvos são o relator, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) e o presidente do colegiado, deputado Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA). Glauber pede a anulação por suspeição do relator, rompimento da imparcialidade durante o processo e falta de provas e fatos específicos na peça de acusação. 

A estratégia, contudo, parece longe de dar certo. Há consenso entre lideranças que Glauber não terá êxito na Comissão de Constituição e Justiça, e a prioridade na sessão de quinta-feira é tentar adiar o processo com pedido de vista, prolongando-o por pelo menos mais uma sessão além das cinco previstas. O próprio presidente da CCJ, Paulo Azi, indicou a interlocutores que pretende acelerar o processo e garantir que a cassação de Glauber vá a plenário após as cinco sessões obrigatórias na comissão.

Existe ainda outro fator no cálculo político: deputados têm dito que ninguém se comprometerá a salvar Glauber, que é visto como um parlamentar de difícil trato. A avaliação é que seria necessária uma "intervenção superior" para garantir o mandato dele; o que significaria uma articulação com o próprio Palácio do Planalto. 

Até o momento, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), é quem se destaca na articulação; principalmente porque o PSOL consegue transitar pouco entre as lideranças do Centrão e o diálogo é escasso com o presidente Hugo Motta. Por outro lado, a avaliação é que Lindbergh não bastaria, e seria necessária a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou de ministros mais próximos.