BRASÍLIA — As críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela condução dos processos contra os réus pelos atos do 8 de janeiro se acumulam nas declarações de Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) no plenário do Senado e nas redes sociais. 

Ainda que a proposta da anistia esteja travada na Câmara dos Deputados, o senador já se manifestou a favor da proposta e é crítico às penas aplicadas a quem participou da invasão às sedes dos Poderes naquele domingo.

Comparando a atuação do STF em escândalos de corrupção, Cleitinho diz ao Café com Política que não são justas as sentenças que têm sido distribuídas pela Corte.

"Vou explicar porque apoio o PL [projeto de lei] da anistia. A sentença do Palocci pode ser anulada. Agora, se coloca no lugar de uma mulher como a Débora [cabeleireira que pichou estátua da Justiça]... É justo?”, pergunta se referindo ao julgamento no STF que pode anular os atos da Lava Jato contra o ex-ministro Antonio Palocci.

O placar é em dois votos a um para manter a decisão do ministro Dias Toffoli, que anulou os processos contra Palocci. Cleitinho continua. “O Eduardo Cunha pode ser candidato em 2026. Todo mundo conhece o Eduardo Cunha”, segue. “E aí vou ser contra uma anistia para essas pessoas [condenados do 8/1]? Por mais que tenham cometido um equívoco aqui, não são criminosas, não são bandidos, entendeu?”, completa.

O senador defende ainda que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), coloque a proposta em votação. “O plenário é soberano, né? Isso é democrático. A gente tem que deixar que os deputados e os senadores decidam se vai passar ou não. Cada um vota da maneira que convém”, argumenta. 

Assista na íntegra a entrevista do Café com Política com o senador Cleitinho:

Da direita à esquerda: as críticas pelo apoio à PEC da Escala 6X1 

O apoio esperado à anistia é confrontado com as críticas que o senador recebeu da direita por indicar apoio à Proposta da Emenda à Constituição (PEC) apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e que propõe o fim da escala 6X1. Ele rebate os ataques:“Está na hora de começar a dialogar sobre as coisas e parar com esse radicalismo". 

"Eu não tenho que tomar café com a Érika Hilton, eu não tenho que ser melhor amigo dela, mas tenho que dialogar quando é algo bom para as pessoas. (...) Sou totalmente a favor de acabar com essa escravidão. Essa escala 6X1 é covarde. Sabe por que quero acabar com ela? Porque eu já fiz essa escala. Sei muito bem o que é”, completa. 

Ainda nesse espectro das propostas governistas vistas com bons olhos pelo senador consta o projeto de lei para isentar do Imposto de Renda (IR) quem recebe até R$ 5 mil por mês.

“Se o Bolsonaro tivesse ganhado e apresentasse essa proposta, eu ia defender. Não é porque é do Lula que eu não vou defender. As pessoas é que vão ser beneficiadas porque vão ter uma renda a mais. Não sou hipócrita”, sustenta. 

Um cartaz colado na parede do gabinete do senador lembra que ele é autor de uma proposta parecida. Em seu primeiro ano de mandato, ele sugeriu a isenção do IR para pessoas com salário de até R$ 5 mil. Pelo texto, a mudança na tabela ocorreria progressivamente entre os anos de 2023 e 2026.

A página A4 pregada de frente para uma extensa mesa com cadeiras ao redor não está isolada. Ali também estão grudadas outras folhas com letras garrafais a indicar as prioridades — um projeto de lei, por exemplo, para dar a possibilidade do empregado decidir se quer receber o vale-alimentação em dinheiro.

São propostas específicas que têm a atenção de Cleitinho. A partir delas, ele rebate as críticas que recebe pela presença ostensiva nas redes sociais. “Não fico só nas redes, não. Estou aqui todos os dias. Nunca faltei um dia no Senado”, finaliza em entrevista ao Café com Política.