BRASÍLIA - Na tentativa de inflar o poder de suas legendas, o MDB e o Republicanos caminham para fechar, nos próximos meses, uma federação partidária. No modelo, as siglas precisam atuar conjuntamente, inclusive nas eleições de 2026 e nas decisões depois desse período.

Se os partidos se unirem em federação, devem somar um contingente de 88 deputados e 15 senadores no Congresso Nacional - número que garantirá ao grupo a terceira maior bancada da Câmara, atrás apenas da federação entre União Brasil e PP e da bancada do PL, maior partido com quadro atual de 89 deputados. 

A atuação conjunta é articulada com o apoio de nomes de comando das siglas. Os presidentes nacionais do MDB, Baleia Rossi, e do Republicanos, Marcos Pereira, já estiveram em conversas sobre o assunto. O presidente do MDB em Minas Gerais, deputado federal Newton Cardoso Jr., vê a chance de criar uma espécie de G4 no Congresso

“Depois de um período de muita proliferação partidária com pequenas siglas que passam a não ter fidelidade a qualquer ideologia… Sem qualquer demérito. Mas, esse G4 passaria a representar de verdade as forças do Congresso Nacional e a representação central do Brasil com esquerda, direita e forças de centro”, afirmou, lembrando, ainda, da bancada do PT. 

Ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) endossam as negociações. Renan Filho (MDB), que chefia a pasta de Transportes, subiu ao palco do Fórum Esfera, em São Paulo, no início de junho, e afirmou que “o namoro do MDB com o Republicanos vai muito bem”.  

“Ou fazemos uma federação e vamos para 100 deputados na Câmara e a maior bancada do Senado, ou vamos para a ‘série B’ da política. E não combina com o MDB ir para a ‘série B’ e ficar pequenininho enquanto os outros partidos estão crescendo”, observou, enquanto o ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), declarou ver “mais convergências do que divergências” entre as siglas. 

Em março deste ano, Marcos Pereira anunciou que a bancada negou a proposta de federação com o PP e o União Brasil. “Em reunião realizada dia 4 de fevereiro, os deputados, de maneira quase que unânime, entenderam ser melhor o Republicanos seguir independente”, disse na época. 

O cenário se mostra outro, agora, com o MDB. Em entrevista ao O TEMPO Brasília, o deputado federal Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) afirmou que “existe uma grande chance” da federação sair do papel e incluir, ainda, o PSDB

“Há um debate, há uma convergência no sentido da necessidade [da federação]. As conversações estão acontecendo devagar. Não temos prazo, não temos pressa, não tem que ser amanhã essa definição, mas há sim uma sintonia desses dois partidos. Existe grande chance dessa federação acontecer, mas não há nenhuma definição, nada está batido no martelo por enquanto”, frisou.