BRASÍLIA - Foragida na Itália há mais de 40 dias e escapando da ameaça de prisão e extradição, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) segue desafiando o Supremo Tribunal Federal (STF), e, de volta às redes, repetiu ataques ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação que resultou na condenação dela a 10 anos de prisão.

Impedida de manter seus perfis, Zambelli desrespeitou a ordem do ministro e criou uma página alternativa. Atacando Alexandre de Moraes, ela o culpou pelo tarifaço do presidente norte-americano Donald Trump. Afirmou ainda, em publicação, que o ministro "brinca de ditador". "Quem são os verdadeiros culpados? Por quê se chama Taxa Moraes? Faz muitos anos que o Moraes está brincando de ditador, que o Congresso está sendo anulado e o Judiciário tomando conta de tudo", declarou.

A deputada também disse confiar no Congresso para manter seu mandato. A cassação será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara após o recesso legislativo, em agosto. "O Congresso está mudando. Se você for ver meu caso, que está na CCJ agora, vão ver que sou inocente. Aconteceu comigo um julgamento de exceção", declarou. "Meu caso mostra que o Congresso está mudando. A quantidade de deputados de outros partidos que foram [à comissão] recepcionar minha defesa...", completou.

O paradeiro de Carla Zambelli na Itália é desconhecido. O ministro do Interior, Matteo Piantedosi, afirmou nesta quarta-feira (16/7) que as autoridades policiais italianas ainda não conseguiram identificar onde a deputada se esconde, segundo registrou a "Folha de S. Paulo". A Interpol depende de uma indicação da Itália sobre o paradeiro da deputada para aplicar a ordem de prisão contra ela e dar início aos trâmites para extradição.

Ainda que ela esteja foragida, o filho dela, João Zambelli, de 17 anos, continua a circular pela Câmara e entre parlamentares mais próximos à mãe. A avó dele, Rita Zambelli, também marca presença nas redes sociais e é cotada para disputar as eleições diante da inelegibilidade de Carla.

A deputada também virou notícia na Câmara nessa terça-feira (15/7) quando seus advogados devolveram a chave do apartamento funcional em Brasília onde ela morava com a mãe e o filho. A entrega ocorreu com atraso e ela deverá ser multada em mais de R$ 7 mil.

Condenada à prisão e foragida

O STF condenou Carla Zambelli à prisão por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A Justiça impôs a ela uma sentença de 10 anos de prisão. A deputada tentou recorrer, mas a Corte confirmou a condenação.

Enquanto o recurso ainda era analisado, Zambelli fugiu do Brasil em direção à Itália; antes, ela esteve nos Estados Unidos. Nesse intervalo, ela ainda pediu licença do mandato por 120 dias, e seu pedido foi atendido pela Câmara dos Deputados.

Com a fuga, o STF determinou ao Ministério da Justiça a extradição da deputada. O nome dela consta, hoje, na lista de difusão vermelha da Interpol.

Em paralelo, a Câmara dos Deputados deu início à análise do processo de cassação do mandato de Zambelli. A Comissão de Constituição e Justiça começará a discussão nas sessões após o recesso legislativo. A avaliação, entretanto, é que a manutenção do mandato é incompatível com a condenação.