BRASÍLIA - A comissão de senadores que vai aos Estados Unidos para tentar dialogar com o governo Donald Trump sobre o tarifaço respondeu aos argumentos do presidente norte-americano para aplicar a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras. A viagem está marcada para esta sexta-feira (25/7).

Além disso, em material divulgado à imprensa, os parlamentares avaliam haver o risco da imposição de novas tarifas devido à investigação do governo dos EUA que pode mirar instrumentos como o Pix e comércios populares, como a rua 25 de Março.

“A imposição de tarifas sobre exportações brasileiras a partir de 1º de agosto se daria em razão de suposta perseguição judicial no âmbito de processos judiciais em curso no Supremo Tribunal Federal. Portanto, tais tarifas não teriam correlação com a investigação a ser promovida pelo USTR, o que significaria uma nova rodada de aumento tarifário a ser aplicada em desfavor do Brasil”, diz o documento.

O material, feito com base em estudos de diferentes associações e pela Consultoria Legislativa do Senado, rebate argumentos usados pelos EUA para abrir a investigação, como o de que comércios populares nas ruas brasileiras seriam uma ameaça aos direitos de propriedade intelectual.

“O Brasil tem demonstrado avanços relevantes no combate à pirataria e à violação de direitos de propriedade intelectual, especialmente no ambiente digital.  Nosso país tem se engajado ativamente em iniciativas multilaterais de fortalecimento do sistema internacional de propriedade intelectual”, dizem os senadores.

No documento, os senadores classificam a aplicação de tarifas como “contraproducente”, pois geraria um aumento de custos para indústrias americanas consumidoras desses insumos e agravaria a inflação interna nos EUA.

“A imprevisibilidade nas decisões de política comercial cria ambiente de incerteza incompatível com os horizontes de planejamento da indústria”, completam.

Os senadores também criticam o objetivo traçado por Donald Trump de atrair para os EUA indústrias e fábricas que operam no exterior, afirmando que a estratégia é “complexa e arriscada”.

“Mudar de fornecedores ou transferir a produção é mais fácil na teoria do que na prática e, como todas as organizações estão mirando os mesmos destinos, isso provavelmente criará gargalos de capacidade em termos de mão de obra qualificada e espaço fabril”.

Senadores vão aos EUA para dialogar

Composta por oito senadores, a comitiva estará nos EUA entre os dias 29 e 31/7 e deve se reunir também com representantes do Congresso norte-americano e empresários. “Não temos a prerrogativa de abrir qualquer negociação, mas temos o dever de dialogar”, ressaltou o líder da missão, senador Nelsinho Trad (PSD-MS). 


Fazem parte da comissão:

  • Presidente: Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE)
  • Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo
  • Tereza Cristina (PP-MS)
  • Fernando Farias (MDB-AL)
  • Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
  • Esperidião Amin (PP-SC)
  • Rogério Carvalho (PT-SE)
  • Carlos Viana (Podemos-MG)