Após o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enviar as representações contra 14 deputados federais por quebra de decoro à Corregedoria, o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), fará uma representação à Procuradoria-Geral da República (PGR). Lindbergh alega que a conduta dos parlamentares configuraria possível tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito.
O líder do PT na Câmara dos Deputados anunciou a representação em meio a críticas à decisão de Motta, que, na prática, adiou uma eventual suspensão dos deputados federais. “Jogar para a Corregedoria 14 casos é o caminho de não resolver. A gente sabe como funcionam essas coisas nesta Casa”, afirmou Lindbergh nesta segunda (11/8), em coletiva à imprensa no Salão Verde.
Como as representações foram encaminhadas à Corregedoria, caberá ao titular, Diego Coronel (PSD-BA), opinar pela suspensão por seis meses dos deputados federais envolvidos na obstrução entre terça e quarta-feira da última semana. Apenas após o parecer do Corregedor, a Mesa Diretora decidirá se recomendará o afastamento ao Conselho de Ética
Citando os deputados federais André Janones (Avante-MG) e Gilvan da Federal (PL-ES), o ex-senador cobrou que as representações tramitem em “ritmo sumário”. “Acho que a melhor forma seria chamar uma outra reunião da Mesa Diretora, mas deliberar agora”, apontou o líder do PT, que chegou a afirmar que esta “não pode ser a semana da impunidade”.
Questionado, Lindbergh afirmou que tanto Motta quanto o restante da Mesa Diretora da Câmara se enfraquecerão caso não haja punição aos envolvidos na obstrução da última semana. “É hora de o presidente agir. O que fizeram é muito grave. Tomaram a cadeira dele. É o posicionamento que todos querem”, ressaltou o deputado federal.
Irritado com a discussão sobre uma suposta negociação para que a anistia e o fim do foro privilegiado fossem pautados com o fim da obstrução, Lindbergh ressaltou que o partido não discutirá os assuntos. “Houve um consenso de não negociar pauta com o pessoal que estava amotinado. Era consensual. Se houve reuniões paralelas depois entre terceiros, essas reuniões não valem”, contestou.
O líder do PT cobrou o Colégio de Líderes, do qual faz parte, para que paute matérias que “adentrem a vida das pessoas” e não “pautas de interesses específicos”. “(Temos que) Votar a isenção do Imposto de Renda até R$ 7 mil e a tributação dos mais ricos”, citou Lindbergh. Ambos são uma iniciativa do próprio governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).