BRASÍLIA - Principal cotado para herdar o capital político de Jair Bolsonaro (PL) para a eleição presidencial, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, precisará decidir entre permanecer no Republicanos, partido ao qual é filiado e que o elegeu para o Estado, e migrar para o PL de Valdemar Costa Neto.
A competição pelo futuro político de Tarcísio ganhou contornos públicos nesta segunda-feira (25/8) com declarações do próprio Valdemar e da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), aliada de primeira hora da família Bolsonaro.
Enquanto Valdemar afirmou que Tarcísio migrará para o PL para concorrer à presidência, Damares defendeu que o Republicanos conquite o cargo com um nome próprio. “Somos o partido que tem o prefeito mais famoso, a senadora mais bonita e o presidente mais querido”, afirmou em referência ao prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga, a ela e ao deputado federal Marcos Pereira, que comanda a sigla.
“Somos o partido que teve dois vice-presidentes da República e está na hora de ter um presidente da República”, disse em apoio à candidatura de Tarcísio de Freitas.
A declaração ocorreu diante de um plenário lotado de filiados do Republicanos em uma sessão solene na Câmara dos Deputados para celebrar os 20 anos de fundação do partido. Participaram do encontro o ministro de Portos e Aeroportos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Silvio Costa Filho, e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), além de Marcos Pereira. Tarcísio não chegou no horário para a sessão, mas participará da festa marcada para segunda-feira (25/8) à noite.
O futuro político do governador de São Paulo é incerto. Publicamente, ele admite que concorrerá à reeleição para o Estado. O contraponto é o desejo de aliados em lançá-lo candidato à presidência como herdeiro de Jair Bolsonaro, que não poderá disputar o cargo porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o declarou inelegível por oito anos.
Tarcísio não esconde de interlocutores que pleiteia uma candidatura à presidência, mas é claro ao afirmar que dependerá da benção de Bolsonaro. A relação entre eles é antiga. Tarcísio teve sua carreira política lançada pelo ex-presidente, quando foi ministro da Infraestrutura na gestão do aliado.
Quem também citou o governador nesta segunda-feira ao se referir à disputa eleitoral foi o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Ele afirmou que Tarcísio de Freitas admitiu a possibilidade de trocar o Republicanos pelo PL para concorrer à presidência da República em 2026.
“O Tarcísio já declarou. Tive um jantar com ele um ano e meio atrás, e ele disse: ‘se eu for candidato [a presidente], vou para o PL’. Em um jantar com os governadores na terça-feira [19/8], ele falou na frente de cinco governadores: ‘sou candidato a governador, mas se eu for candidato a presidente, vou para o PL’”, declarou Valdemar após encontro de lideranças partidárias em São Paulo.
Valdemar reforçou que, no entanto, o partido mantém esperanças de que Bolsonaro seja o candidato do PL à presidência da República. “Temos esperança de que ele seja candidato. Não podemos perder a esperança. Temos ministros que pedem vistas no julgamento… Temos que esperar”, avaliou o presidente do PL.