Na Câmara

Campos Neto: BC 'não é oposição' e 'trabalha para melhorar situação do governo'

A fala de Roberto Campos Neto acontece após atritos com o governo e horas antes da primeira reunião com o presidente Lula, marcada para esta quarta (27)

Por Lucyenne Landim
Publicado em 27 de setembro de 2023 | 12:40
 
 
 
normal

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (27) que a instituição não trabalha no campo da oposição e atua para ser um "parceiro" e melhorar a situação do governo. A fala foi feita após uma série de atritos entre Campos Neto e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por conta da taxa de juros, e horas antes do primeiro encontro entre os dois, marcado para o fim da tarde desta quarta.

"No final das contas, temos tentado trabalhar para melhorar a situação do governo. O BC é parceiro. [...] O BC não faz o trabalho sozinho. Ele é parte de um todo. O BC não é oposição, não é um partido ou outro. É um órgão técnico. A gente quer trabalhar para melhorar a situação do Brasil e dos brasileiros", disse Campos Neto em audiência na Câmara dos Deputados.

Aos deputados, o presidente do BC também se manifestou de forma favorável a propostas de taxação de fundos exclusivos no Brasil e no exterior, também conhecidos como fundos dos "super-ricos". A medida é defendida pela equipe econômica do governo federal para aumento da aarrecadação.

"Sou a favor da taxação de fundos exclusivos, sou a favor da taxação das offshore (rendimentos no exterior). Aliás, diga-se de passagem, no governo anterior tinha um projeto de offshore, que a gente queria fazer a taxação e eu achava que a alíquota para a taxação tinha que ser mais alta. Eu pedi que fosse 10%, que achei que era razoável, mas voltou para 6%, que eu acho é baixo. Tem que taxar mais", disse.

Campos Neto mostrou convergência com a meta do governo em zerar o déficit nas contas públicas para 2024. "Hoje, o importante é persistir na meta. A nossa mensagem é de persistência, bem alinhada com o que o ministro [da Fazenda, Fernando] Haddad, tem dito. Esse é um caminho bem promissor. E mesmo que a meta não seja cumprida exatamente, o que os agentes econômicos vão ver será o esforço feito na direção de cumprir as metas", argumentou.

Sobre a manutenção das metas de inflação para os próximos anos, Campos Neto classificou como uma “decisão muito acertada” e que "fez com que o BC pudesse iniciar o processo de corte de juros". A medida foi tomada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no fim de junho. A meta de inflação para este ano é de 3,25%, com variação de 1,5% para cima ou para baixo. Para os próximos três anos, a meta é de 3%.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!