Congresso

Chico Alencar quer desidratar Lira com candidatura à presidência da Câmara

Segundo o rival do atual presidente da Casa, o amplo apoio a Arthur Lira é ruim para a democracia no Brasil

Por Gabriela Oliva
Publicado em 31 de janeiro de 2023 | 08:00
 
 
 
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Único rival de Arthur Lira (PP-AL) na disputa à presidência da Câmara dos Deputados, o parlamentar eleito Chico Alencar disse à reportagem de O TEMPO que a sua candidatura contra Lira tem objetivo de desidratá-lo politicamente, marcando uma oposição de “alerta” e “chamamento de consciência”. 

“Evidente que Lira tem amplo favoritismo e da cadeira de presidente da Câmara ele cria elos, benesses e favores (...) é muito ruim para o governo Lula que Lira tenha tantos votos. Se a gente conseguir ser um entoalho do voto do mais descontente, do voto mais ideológico, da compreensão do parlamento como espaço da divergência política, dos programas dos partidos, seria ótimo. Estou me empenhando para minimizar o poder do rei Arthur”.

O deputado do PSOL falou em entrevista que “a quase unanimidade que Lira busca é ruim para a democracia no Brasil”.

“Lula é extremamente habilidoso, ele saberia lidar com um presidente Lira, mas não cedendo tanto (...) entendo ser um erro os partidos ligados ao governo apoiarem Lira. Isso é criar cobra para ser picado. Minha candidatura tem um efeito didático. A gente está querendo afirmar uma concepção de política radicalmente democrática, da qual o Brasil está extremamente carente”, declarou.

Atualmente vereador no Rio de Janeiro, Chico Alencar retornará à Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (1). Ele foi deputado federal por quatro mandatos. Historiador e professor universitário, Chico foi filiado ao PT até 2005, quando rompeu os laços para criar o PSOL.

À reportagem de O TEMPO, o político afirmou que não considera a disputa justa pelo oferecimento de “bondades” por Lira a deputados às vésperas das eleições.

“Não tem paridade de armas. É uma disputa desigual. Mas nós, ao contrário da extrema-direita, vamos respeitar os resultados das urnas do colegiado do parlamento, mas é muito abuso. E há uma certa naturalização. O Lira usa a máquina de maneira descarada”, disse.

Reação ao 8 de janeiro de 2023

Alencar também defendeu que os deputados que estimularam os atos criminosos de 8 de janeiro devem ser alvos do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Na data, os prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos e depredados.  

“Os que manifestaram através das redes virtuais, às vezes antissociais, um estímulo a esses movimentos violentos, têm que ser investigados pelo Conselho de Ética da Casa. Não é aceitável essa quebra de ética e decoro parlamentar. Isso tudo tem que ser passado a limpo, sem dúvidas”, enfatizou.

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