Em depoimento na manhã desta quarta-feira (22), o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, negou que tenha havido "testagem em massa" de medicamentos sem eficácia comprovada contra Covid-19 em pacientes internados no hospital da operadora de saúde.
O médico e empresário admitiu apenas a realização de um "estudo observacional". Segundo ele, nenhum médico foi "incitado" a receitar hidroxicloroquina; cada um teve autonomia junto ao paciente.
“Quando foram feitos estudos, sim, todos os pacientes receberam o 'termo de livre esclarecido”, garantiu, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as ações e omissão do governo federal na pandemia.
Médicos que trabalham ou trabalhavam na empresa reuniram uma série de irregularidades e encaminharam ao senador Humberto Costa (PT-PE), integrante da Comissão.
Entre as denúncias, está a pressão exercida pela companhia para que fosse prescrito indiscriminadamente o “kit covid”, que é composto por cloroquina, azitromicina e ivermectina, sem eficácia comprovada contra a doença.
A estratégia foi adotada, segundo o dossiê, para o governo federal influenciar a população a consumir os medicamentos.
O Planalto fez uma lista de sugestões de perguntas para senadores governistas questionarem Pedro Benedito. Eles foram instruídos a defenderem o tratamento precoce e colocarem em dúvida as denúncias.
Foi apresentado um requerimento pela Prevent Senior para a Procuradoria-Geral da República (PGR), pedindo uma apuração das acusações.
Segundo a empresa, um casal de médicos teria manipulado dados de uma planilha interna, do dossiê que foi entregue à Comissão, a fim de comprometer a companhia.
Antes, Pedro Benedito Batista Júnior criticou o dossiê enviado à CPI da Covid-19 feito, segundo ele, com base em notícias veiculadas na imprensa e demanda parlamentar.
Segundo Batista, mensagens e planilhas de acompanhamento de pacientes foram manipuladas pelos ex-médicos da Prevent Senior George Joppert Netto e André Fernandes Joppert, desligados da empresa em julho de 2020
Batista disse ainda que uma análise de provas pela Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) comprovou a inexistência de infração por parte da Prevent.
A CPI investiga a empresa sobre uma possível pressão para que os médicos conveniados à Prevent Senior prescreverem medicamentos do chamado tratamento precoce para a covid-19, sem eficácia e segurança comprovadas.
Também devem ser investigadas denúncias de pacientes da operadora, que teriam sido assediados para aceitar o tratamento precoce.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), enviou para aprovação da Comissão um requerimento que pede informações ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) sobre as denúncias e ameaças feitas aos profissionais.
Inicialmente, o diretor-executivo da operadora de saúde seria ouvido na última quinta-feira (16). Entretanto, informou, por nota, que o e-mail de convocação havia chegado apenas no fim da quarta-feira (15), e portanto, não houve tempo hábil para viabilizar seu comparecimento.