A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou nesta quinta-feira (21) que pedirá a convocação do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos. Eliziane disse que apresentará o requerimento para a convocação do militar e que o documento deve ser votado na próxima terça-feira (26).
O almirante virou alvo após ter dito ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que a tropa que comandava estaria pronta para aderir a um chamamento de um golpe de Estado. O assunto teria sido tratado em reunião de Bolsonaro com a cúpula das Forças Armadas e os ministros militares do governo logo após as eleições presidenciais em outubro do ano passado.
As informações foram publicadas nesta quinta-feira (21) pelo portal UOL e pelo jornal O Globo, com base na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro.
Eliziane também quer pedir a convocação de Filipe Martins, então assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, que teria entregue a Bolsonaro uma minuta de decreto para convocar novas eleições. A prisão de adversários políticos estaria entre as medidas, segundo Cid, que também é mirado para um novo depoimento na CPMI.
"Tem uma delação premiada em curso, e desta delação, por conta da súmula 14, não haverá, nem mesmo solicitando, o compartilhamento dos dados da Polícia Federal, do Supremo Tribunal Federal com a CPMI. Portanto nós recorremos à iniciativa do retorno do Mauro Cid a esta comissão, como também estamos protocolando hoje o requerimento em relação ao almirante Garnier diante das informações que hoje foram colocadas à imprensa brasileira. Da mesma forma em relação ao Filipe", disse Eliziane.
A relatora apontou que, diante dos novos desdobramentos, o almirante "passa a ser uma pessoa absolutamente fundamental" na fase final dos trabalhos da CPMI, assim como o retorno de Mauro Cid. Os dois são considerados para Eliziane "figuras muito centrais" na finalização das investigações.
Também está no radar da relatora aprovar o pedido dos relatórios de inteligência financeira de Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Os documentos devem mostrar, detalhadamente, transações feitas pelos dois.
Braga Netto
Eliziane Gama também informou que o depoimento do general Walter Braga Netto, que está previsto para acontecer em 5 de outubro, pode ser adiantado para a próxima semana. O militar, que foi ministro da Defesa e da Casa Civil no governo Bolsonaro, tinha depoimento marcado para esta quinta (21), mas a oitiva foi adiada, segundo a relatora, "em cima de algumas necessidades mais urgentes" da CPMI.
Braga Netto, que também disputou o cargo de vice na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, foi alvo de três requerimentos de convocação aprovados pela CPMI. Os pedidos citam o militar como próximo a Bolsonaro e como alguém que fez contato com manifestantes que não aceitavam a derrota do ex-presidente.