A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos criminosos de 8 de janeiro aprovou, nesta terça-feira (13), uma série de requerimentos para que 35 depoimentos sejam colhidos ao longo dos trabalhos.
Entre os já convocados, estão o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, e do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid. Também o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e o ex-ministro ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Walter Braga Netto, que disputou a o cargo de vice-presidente da República na chapa de Bolsonaro.
Os depoimentos deles ainda serão marcados pelo colegiado, mas a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), quer articular para a próxima semana. Torres foi alvo de 18 requerimentos de convocação, enquanto Cid teve o nome citado em 12 pedidos. Naime foi solicitado para depor em nove pedidos.
O rol de convocados inclui o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime, alvo de nove requerimentos. Os nomes citados foram requeridos por parlamentares que integram a CPMI, além da relatora. Outros nomes foram alvo de requerimentos apenas da relatora, apresentados junto ao plano de trabalho aprovado na última semana (veja abaixo a lista completa).
Ao todo, havia na pauta 37 convocações. Foram rejeitadas a do ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Lula, Saulo Moura da Cunha, e a do ex-ministro-chefe do GSI, general Gonçalves Dias. O militar chefiou o órgão já no governo Lula, mas deixou o cargo após a divulgação de imagens que mostraram que ele estava dentro do Palácio do Planalto durante as invasões de 8 de janeiro.
Outros dois convites para depoimento, quando não há obrigação de comparecimento, estavam na lista de votações. O do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, foi rejeitado. Foi retirado o do secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, que atuou como interventor da Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Também foram aprovados requerimentos de informações. Entre eles, os que pedem acesso a imagens de órgãos públicos no momento das invasões, de pedidos de dados e documentos a órgãos públicos - incluindo de inquéritos - e de compartilhamento de informações com a CPI em funcionamento na Câmara Legislativa do DF com o mesmo tema de investigação.
Um deles pede à Polícia Federal o compartilhamento de dados extraídos de celular e outras provas relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, obtidos na Operação Venire, deflagrada em 3 de maio para investigar fraudes nos cartões de vacinação do ex-presidente, de familiares e de assessores.
Outros requerimentos de informações sigilosas devem ficar pendentes. O presidente da CPMI, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), pretende colocar esses pedidos em votação apenas depois de se reunir com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atua nessas investigações.
Veja abaixo a lista completa dos 35 convocados na CPMI do 8 de janeiro:
- Adauto Lucio de Mesquita, empresário, suspeito de financiar os atos
- Ainesten Espírito Santo Mascarenhas, empresário e engenheiro, apontado como financiador dos atos
- Ailton Barros, militar da reserva preso na operação sobre falsificação de dados de vacinação de Bolsonaro e que gravou mensagens sugerindo golpe de Estado
- Alan Diego dos Santos, preso por participação na tentativa de atentado a bomba no aeroporto
- Albert Alisson Gomes Mascarenhas, empresário que gravou vídeo convocando para subida da rampa do Congresso
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal
- Antônio Elcio Franco Filho, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde e que tratou de golpe de Estado em conversas identificadas pela PF
- Argino Bedin, produtor rural e suspeito de financiar os atos
- Augusto Heleno Ribeiro, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional
- Diomar Pedrassani, empresário, suspeito de financiar os atos
- Edilson Antonio Piaia, empresário, suspeito de financiar os atos
- Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal
- Fernando de Souza Oliveira, ex-secretário Executivo da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal
- George Washington de Oliveira Sousa, preso por envolvimento no atentado a bomba ao aeroporto de Brasília
- Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP)
- Jeferson Henrique Ribeiro Silveira, motorista do caminhão-tanque onde a bomba foi colocada para explodir no aeroporto
- Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal
- Jorge Teixeira de Lima, delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)
- José Carlos Pedrassani, empresário
- Joveci Xavier de Andrade, empresário, suspeito de financiar os atos
- Júlio Danilo Souza Ferreira, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal
- Leandro Pedrassani, empresário
- Leonardo de Castro Cardoso, diretor de Combate à Corrupção e Crime Organizado (Decor) da Polícia Civil do Distrito Federal
- Marcelo Fernandes, delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)
- Márcio Nunes de Oliveira, ex-diretor-Geral da Polícia Federal
- Marília Ferreira de Alencar, subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal
- Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel do Exército, ex-ocupante do cargo de Ajudante de Ordens da Presidência da República
- Milton Rodrigues Neves, delegado da Polícia Federal
- Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e ex-chefe interino do Departamento de Operações (DOP) da PMDF
- Roberta Bedin, empresária, suspeita de financiar os atos
- Robson Cândido da Silva, delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)
- Silvinei Vasques, ex-diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal
- Valdir Pires Dantas Filho, perito da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF),
- Wellington Macedo de Souza, foragido, procurado por participação no atentado a bomba no aeroporto de Brasília
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e ex-candidato a vice-presidente da República na chapa com Jair Bolsonaro
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