Deputados se movimentam para suceder Lira na Câmara um ano antes da eleição

Apesar de ainda faltar tempo, a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na Presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro de 2025 já é articulada há alguns meses e deve ganhar mais força ao longo deste ano. Há pelo menos cinco nomes se colocando na disputa e já em campanha. A lista pode crescer, porque além de indicações partidárias, parlamentares devem lançar suas candidaturas de forma avulsa.

Terá o apoio de Lira o atual líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA), que está no terceiro mandato. É comum que atuais presidentes da Câmara construam o caminho para um sucessor como forma de continuar com influência sobre as decisões. Elmar tem acompanhado Lira em diversas agendas políticas e os dois costumam estar juntos em momentos pessoais, como no Carnaval de Salvador e em viagens entre amigos.

Lira espera contar com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do partido dele, o PT, quando oficializar seu candidato. “O presidente Lula sabe e disse que estará junto desse projeto de acompanhar para que eu tenha o direito de fazer o meu sucessor, e o PT, eu não penso que pensará diferente, porque não temos motivos”, disse na Fundação Getúlio Vargas (FGV) na última sexta-feira (23).

A avaliação do presidente da Câmara é a de que todos os compromissos firmados com o governo estão sendo honrados. Recentemente, Lira e Lula deram uma trégua na crise que enfrentavam na relação, marcada por incertezas. Em mais de um momento, o governo se viu ameaçado pela Câmara principalmente em votações que exigiram uma articulação política, como de questões orçamentárias.

Lira também deve esperar o PT decidir se terá candidato próprio ou não, como já informou a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR). O martelo ainda não foi batido. A última vez que a sigla lançou seu candidato foi em 2015, quando Arlindo Chinaglia (SP) foi derrotado por Eduardo Cunha (MDB-RJ). 

Outro deputado que se movimenta politicamente para ter espaço na disputa é o líder do PSD, Antonio Brito (BA), deputado desde 2011 e um dos articuladores da novata bancada negra da Câmara. Brito é conhecido por ser conciliador e por praticamente não possuir registros de momentos com exaltação, o que leva colegas a questionarem se ele teria uma postura que o cargo de presidente da Câmara exige.

O líder do MDB, Isnaldo Bilhões (AL), também se coloca como pré-candidato à disputa pelo comando da Câmara. Em seu segundo mandato, ele é outro político que disputará o apoio do presidente da República. O partido já faz parte do governo e tem três cadeiras na Esplanada dos Ministérios: Transportes, com Renan Filho; Cidades, com Jader Filho; e Planejamento, com Simone Tebet.

Oposição também deverá ter candidato próprio

Pela oposição, o nome na urna deve ser o do líder do PL, Altineu Côrtes (RJ), que fará campanha usando o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele ocupa uma vaga na Câmara desde 2015 e comanda os deputados da sigla desde 2022. A lista de pré-candidatos conta ainda com Marcos Pereira (Republicanos-SP). Atual vice-presidente da Câmara, ele já articula votos para tentar ocupar o cargo número um. 

A eleição para o comando da Câmara acontece a cada dois anos. A recondução do presidente pode acontecer somente uma vez, e quando forem legislaturas diferentes, ou seja, em períodos de mandatos diferentes. A votação é secreta e feita por meio de cabines fechadas. Para ser eleito presidente da Câmara, o candidato precisa de pelo menos 257 dos 513 votos em primeiro turno, ou de metade dos presentes na sessão quando houver segundo turno.