Congresso

Eduardo Bolsonaro diz que querem cassá-lo por uma piada e defende ditadura

Filho do presidente colocou em questionamento a tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão e promoveu livro de Brilhante Ustra

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 05 de abril de 2022 | 10:13
 
 
 
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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), reagiu à iniciativa de partidos de oposição, que entraram com um pedido de cassação dele na Câmara dos Deputados. O pedido foi motivado pelo fato de o parlamentar ter usado uma postagem nas redes para debochar da tortura que a jornalista Miriam Leitão diz ter sofrido no período da ditadura militar no Brasil. Eduardo Bolsonaro afirmou que fez apenas uma piada e publicou um vídeo onde coloca a versão da jornalista em dúvida e defende o regime autoritário que vigorou no Brasil por duas décadas.

"Me odeiam, desejam a morte de minha família e agora pedem respeito e querem minha cassação por eu ter feito uma piada. A verdade é que o povo já não conhece mais a verdade pelos olhos da Globo. Daí meus inimigos apelarem para o tapetão", disse Eduardo Bolsonaro nas redes.

Segundo relatos da própria jornalista, durante a ditadura militar ela foi presa e torturada com tapas, chutes e golpes que abriram sua cabeça. Além disso, teve de ficar nua em frente a 10 soldados e três agentes de repressão e passar horas trancada em uma sala com uma jiboia. Na época, a jornalista estava grávida de 1 mês. Na publicação feita no fim de semana, Eduardo Bolsonaro afirmou que "até hoje tem pena da cobra".

No vídeo que ele publicou sobre o assunto nesta segunda-feira (5), ele coloca em dúvida a tortura sofrida pela jornalista e, com base em episódios do período, argumenta que os militares não puderam devolver o poder aos civis em razão da violência de grupos armados de esquerda.

Eduardo Bolsonaro utiliza uma fala do ex-deputado federal Fernando Gabeira, que em uma sabatina do jornal "Folha de S.Paulo" disse, em 2010, que grupos armados de esquerda queriam substituir a ditadura militar por uma ditadura do proletariado. Na ocasião, ele disse que muitos lutavam pela democracia no Brasil, mas que havia grupos de esquerda que queriam substituir aquele regime por outra ditadura.

No vídeo, Eduardo Bolsonaro chegou a divulgar o livro escrito pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o primeiro militar condenado pela Justiça brasileira pela prática de tortura durante a ditadura. Ele foi chefe do DOI-CODI no II Exército, um dos mais atuantes na repressão política no período do regime militar.

O filho do presidente ainda questionou falas de outros políticos de esquerda, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, falando de regular a imprensa e usando expressões homofóbicas e machistas. Além disso, enfatizou textos e postagens na imprensa e nas redes que falam em morte para  Bolsonaro, para dizer que apenas as manifestações do grupo do presidente Jair Bolsonaro são motivo de indignação em setores da sociedade.

Não é a primeira vez que Eduardo Bolsonaro defende a ditadura militar brasileira e causa polêmica. Em 2018, Eduardo Bolsonaro ele afirmou e que bastaria um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF). No ano seguinte ele defendeu a possibilidade de um "novo AI-5". O AI-5 é considerado um dos mais duros decretos emitidos pela ditadura militar. As torturas, confessadas por militares e atestadas por órgãos internacionais, se aprofundaram após a edição do decreto no Brasil.

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