A Câmara dos Deputados rejeitou, por 341 votos a 153, um destaque que retirava da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária um incentivo fiscal para a indústria automobilística que se instalar nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Mais cedo, foi aprovado o texto-base da PEC que altera o sistema de tributos, nesta sexta-feira (15).
O item mantido pelos parlamentares prorroga até 2032 a redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para montadoras de automóveis instaladas nessas três regiões.
Na prática, a remoção do trecho poderia dificultar a instalação da fábrica da chinesa BYD em Camaçari (BA), iniciativa anunciada neste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, prejudicaria o polo Fiat em Pernambuco, um dos mais importantes em todo o país.
O resultado representa uma derrota para o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e outros cinco chefes estaduais do Sul e Sudeste do país, que assinaram um manifesto no qual se colocam contra a extensão desses benefícios fiscais.
Os seis governadores fazem parte do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud). Uma das leis citadas por eles no manifesto é a 9.440/1997, que trata do Regime Automotivo para o Desenvolvimento Regional. Essa legislação promove uma série de vantagens fiscais para empresas se instalarem em cidades do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, como zerar a alíquota do imposto para importação de máquinas, equipamentos e moldes desse setor industrial, inclusive em caráter de teste.
No plenário da Câmara, a votação também dividiu deputados das diferentes regiões do país. Partidos tanto governistas como da oposição tiveram parlamentares votando a favor e contra o fim do benefício fiscal. "Há aqui um debate regional, e não partidário", chegou a afirmar o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).
Saiba como votaram os deputados mineiros no destaque. O voto "sim" era para manter os incentivos fiscais, e o voto "não", para retirar.