O tenente-coronel Mauro Cid disse à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta quinta-feira (24), que fazia “serviço de secretariado executivo” de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República, tendo entre as funções receber e entregar presentes do chefe do Executivo nacional.
Na prática, a função do ajudante de ordens consistia basicamente em um serviço de secretariado executivo do ex-presidente. Tendo como exemplo a execução das seguintes tarefas: execução da agenda, recepção e encaminhamento de pessoas ou autoridades para as reuniões, atendimento de ligações e recebimento de correspondências, impressão de documentos, recebimento e entrega de presentes e auxiliar nas atividades particulares do ex-presidente, como almoços, viagens e finanças pessoais”, afirmou Mauro Cid, em pronunciamento lido no início da sessão desta quinta-feira.
Sob orientação do seu novo advogado e fardado, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) decidiu não responder às perguntas da CPI dos Atos Antidemocráticos, que investiga a invasão da Praça dos Três Poderes por bolsonaristas em 8 de janeiro e todos os eventos que contribuíram para o episódio. A estratégia já tinha sido adotada no primeiro depoimento de Cid na CPMI do 8 de Janeiro no Congresso Nacional. “Por orientação da minha defesa técnica, farei uso do meu direito constitucional de silêncio”, informou Mauro Cid nesta quinta, no início da sessão.
Esse é o primeiro depoimento de Mauro Cid sob a defesa do advogado Cezar Bitencourt. Na última semana, o defensor afirmou que seu cliente confessaria a participação no esquema que desviou joias da Presidência da República e apontaria Bolsonaro como mandante. Bitencourt, no entanto, recuou. Publicamente, o advogado passou a dizer que Cid apenas cumpria ordens de “resolver o problema do Rolex”.
No início da sessão, o presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos, deputado Chico Vigilante (PT), discutiu com Bitencourt após Cid anunciar que permaneceria em silêncio. O petista afirmou que o ex-auxiliar de Bolsonaro foi convocado à comissão na condição de testemunha, após decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes. O defensor negou e afirmou que o militar seria investigado, o que lhe daria direito de não responder as perguntas.
Mauro Cid está preso desde maio por adulterações no cartão de vacinação dele, de familiares e de Jair Bolsonaro. Recentemente, passou a ser investigado pela Polícia Federal por possível participação no esquema de venda das joias entregues como presentes por delegações estrangeiras ao ex-presidente. Pela lei brasileira, itens de alto valor devem ser incorporados ao patrimônio da União.