Investigação

Filhos de Bolsonaro: entenda a citação a eles no relatório da CPI da Covid

Renan Calheiros pede que o Ministério Público Federal indicie os filhos do presidente por incitação ao crime, com pena de detenção ou multa

Por Lucyenne Landim
Publicado em 20 de outubro de 2021 | 15:24
 
 
 
normal

A família Bolsonaro não foi poupada no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. Além do próprio presidente da República, Jair Boslonaro, ser apontado, é sugerido ao Ministério Público o indiciamento dos três filhos dele que têm cargos políticos: Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro.

A CPI quer que eles sejam enquadrados por incitação ao crime, previsto no artigo 286 do Código Penal, exatamente por “incitar, publicamente, a prática de crime”. A pena é de três a seis meses de detenção ou o pagamento de multa. O enquadramento, no relatório, é focado na acusação sobre a disseminação de informações falsas.

Segundo o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), junto ao pai, eles eram a “cabeça” do Gabinete do Ódio, formado para espalhar fake news e com atuação de dentro do Palácio do Planalto. A maior parte das informações também está no inquérito das fake news, aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar a rede de produção de notícias falsas.

O Gabinete do Ódio, como destaca Renan, trabalhava para desinformar e incitar ataques ao STF e ao processo eleitoral, além de gerar engajamento da base de apoio popular ao presidente da República e promover ataques para enfraquecer os adversários políticos.

Renan cita que tem indícios de participação direta do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o filho 01, no uso de robôs para disseminar informações falsas e teses negacionistas defendidas pelo pai, Jair Bolsonaro.

O relatório mostra uma série de publicações feitas pelo senador em redes sociais e aplicativos de mensagens entre março de 2020 e maio de 2021. Entre elas, falas contrárias às vacinas disponíveis contra a Covid-19 e favoráveis ao tratamento precoce, com medicamentos sem eficácia comprovada para a doença.

Os prints se estendem também ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) e ao vereador do Rio de Janeiro (RJ), Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Nas redes de Eduardo, o filho 03, Renan cita que foram encontradas “centenas de postagens com fake news e desinformações sobre a pandemia”. Ele expõe uma publicação em que o deputado culpa a China pela propagação do coronavírus, o que gerou a reação da Embaixada da China no Brasil e desencadeou uma crise na compra da vacina CoronaVac, do laboratório chinês Covaxin.

A colocação em tom crítico a China não foi a única. Ele compartilhou o vídeo da entrevista de uma médica chinesa afirmando que o vídeo foi criado de forma proposital em um laboratório na China. Publicações científicas, no entanto, apontam que o coronavírus tem origem natural, tendo evoluído a partir de vírus que circulam em espécies animais, como morcegos e pangolins.

Em outros posts, Eduardo Bolsonaro usa a palavra “alarmismo” em referência às medidas de contenção da pandemia, como isolamento e distanciamento social, e insinua que as restrições na Itália levaram ao colapso do país. Ele também defende fortemente o “kit Covid”

De Carlos Bolsonaro, o 02 do presidente, as mensagens expostas reforçam o mesmo teor publicado pelos irmãos e citam, também, a tese de que a pandemia teria surgido para atrapalhar a empregabilidade no país. Ainda, uma mensagem em que diz que o pai foi impedido de atuar no combate à pandemia.

Os prints de mensagens dos filhos do presidente estão entre a partir da página 650 da íntegra do documento, que O TEMPO publicou.

Renan Calheiros incluiu no relatório que várias tentativas de dificultar o acesso da população à informação durante a pandemia foram feitas. Em uma delas, “o governo impôs sigilo de 100 anos sobre informações dos crachás de acesso ao Palácio do Planalto emitidos em nome de Carlos Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro”.

O relatório da CPI da Covid-19 foi apresentado aos senadores nesta sexta-feira (20) e a previsão é que seja votado em 26 de outubro.

O TEMPO agora está em Brasília. Acesse a capa especial da capital federal para acompanhar o noticiário dos Três Poderes.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!