O deputado federal David Miranda (RJ) anunciou neste sábado (22) que vai mesmo trocar o PSOL pelo PDT. Ele afirmou que a mudança será feita em março e apontou como um dos motivos a proximidade excessiva de sua legenda atual com o PT. Ele também fez ressalvas a votações do PDT no Congresso.
"Reconheço no PDT diversos valores históricos e atuais fundamentais para a reconstrução do Brasil, em especial os ideais trabalhistas e o legado de Leonel Brizola. Mas minha ida para o PDT em breve, não significa que concordo com todas as votações recentes da bancada do partido no Congresso. Nenhum partido político é perfeito, mas o PSOL, a meu ver, corre o risco neste momento de sacrificar a sua essência para se tornar um braço leal de um partido e ideologia a que foi criado para se opor", apontou.
David Miranda lembrou que o PSOL surgiu como dissidência do PT, em 2003, após quatro parlamentares serem expulsos de sua antiga legenda em razão de terem votado contra a reforma da Previdência proposta pelo governo Lula.
"Por isso sempre defendi uma candidatura própria do PSOL à Presidência no primeiro turno, para que tivéssemos condições de apresentar um programa alternativo ao do PT, e disputar ideologicamente sua hegemonia dentro da esquerda", completou.
Ao elogiar o projeto apresentado pelo presidenciável Ciro Gomes, ele fez muitas referências a Leonel Brizola, principal figura histórica da legenda.
"A herança brizolista tem profundo significado afetivo em minha trajetória pessoal, pois tenho certeza que eu jamais teria chegado aonde cheguei e me tornado Deputado Federal, não fosse o acesso à educação que tive com a construção do Brizolão na entrada da favela. A ida para o PDT representa portanto um retorno às minhas raízes, ao meu território de origem, à minha comunidade para a partir daí mobilizar uma nova inteligência e imaginação políticas capazes de produzir um novo futuro para o Rio de Janeiro e para o Brasil", afirmou.
Em carta na qual anuncia sua saída, ele cita o trabalho do marido, o jornalista Glenn Greenwald, que apontou conversas secretas de integrantes da força-tarefa da operação Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro, que comandava os processos na Justiça Federal do Paraná. O trabalho é considerado uma peça-chave que levou, posteriormente, à anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que passou a ter sua candidatura liberada para 2022.
Apesar disso, ele afirma que "Não é hora de submeter obedientemente ao PT e aceitar covardemente que um retorno ao passado é o melhor a fazer pelo Brasil neste momento", enfatizou.
"Com Ciro e com os novos companheiros do PDT em breve poderei construir um projeto de desenvolvimento econômico pautado pelo desenvolvimento humano, pois “desenvolvimento sem educação é criação de riquezas apenas para alguns privilegiados“, já dizia Brizola", apontou.
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