Pesquisa realizada pela Consultoria F5 Atualiza Dados aponta a deputada estadual Delegada Sheila (PSL) na liderança das intenções de voto nas eleições municipais em Juiz de Fora, na Zona da Mata. O levantamento ouviu 783 eleitores entre os dias 3 e 4 de julho deste mês.
Delegada Sheila ainda não anunciou sua pré-candidatura à prefeitura da cidade, mas aparece na pesquisa com 19,54% das intenções de voto. Ela foi a vereadora mais votada em Juiz de Fora em 2016, com 9.921 votos, e, dois anos depois, foi eleita deputada estadual, onde figurou entre os 15 candidatos mais votados do pleito.
Na sequência estão o empresário Wilson da Rezato (PSB), com 15,71%; a deputada federal Margarida Salomão (PT), com 15,20%; e o atual prefeito Antônio Almas (PSDB), com 5,75%. Também aparecem na lista: Delegada Ione Barbosa (Republicanos), com 2,81%; o Pastor Aloísio (PTC), com 2,68%; Renato Loures da Santa Casa (Progressista), com 1,40%; Delegado Cláudio Nogueira (PSC), com 0,89%; Eduardo Lucas (DC), com 0,38%; e Juiz José Armando (MDB), com 0,26%.
Segundo o diretor executivo da F5 Atualiza Dados, Domilson Coelho, a eleição em Juiz de Fora ainda está em aberto. Apesar de a deputada Delegada Sheila despontar na pesquisa, a diferença dela para o segundo e o terceiro colocado é pequena.
“Há três nomes que lideram a pesquisa hoje, mas o cenário ainda está aberto. A Delegada está numericamente à frente mas a pré-campanha ainda não começou por nenhum dos três primeiros colocados”, disse.
Outro dado que chama atenção é o número de votos em branco e nulos, que é superior ao número de votos declarados na pré-candidata Delegada Sheila: 22,61% dos entrevistados declararam sua intenção de voto como em branco ou nulo. Se somados aos indecisos, são 35,38% dos eleitores que não optaram por nenhum dos candidatos, ou seja, quase ⅓ do eleitorado.
Segundo Coelho, essa eleição está sendo atípica em função da pandemia de coronavírus, que alterou não somente o calendário eleitoral, mas também a forma de se fazer campanha e pré-campanha. “Esse dado é resultado de um maior desinteresse da população, e isso está relacionado ao período de pandemia em que o mundo vive e que tirou o foco das eleições municipais. E com medidas de isolamento social a pré-campanha também diminuiu muito seu ritmo. Então, a população ainda não conhece de fato os pré-candidatos”.
Ele acrescentou que os pré-candidatos que aparecem à frente da pesquisa são todos conhecidos da população – o que nesse momento de pré-campanha pode conferir alguma vantagem em relação aos demais. “Wilson da Rezato disputou a última eleição, a Delegada Sheila é deputada, a Margarida Salomão disputou a última eleição e é deputada federal, ou seja, são atores políticos conhecidos no município”.
Interesse
A pesquisa também mediu o interesse do eleitorado em política, sendo que 41,89% dos entrevistados disseram não ter nenhum interesse. Outros 26,95% disseram ter interesse médio, 14,81% declararam ter pouco interesse, e apenas 13,79% afirmaram ter muito interesse no tema. Vinte por cento dos ouvidos afirmaram não saber ou não responderam.
Também foi medida a avaliação dos juiz-foranos do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), do governador Romeu Zema (Novo) e do atual prefeito da cidade, Antônio Almas (PSDB). A maior parte dos entrevistados avaliou como péssimo o governo do presidente (35,12%). Já em relação ao prefeito, 23,63% disseram ser péssima, enquanto outros 20,14% afirmaram ser boa. Já sobre o governador Romeu Zema, 32,44% avaliaram sua gestão como boa.
Campanha atípica em meio à pandemia
Na liderança da pesquisa de intenções de voto em Juiz de Fora, a deputada Delegada Sheila (PSL) se disse muito feliz com resultado e com o reconhecimento da população.
“Eu atribuo esse resultado a uma série de fatores, começando por muito trabalho ao longo dos últimos anos na cidade: primeiro como delegada, depois como vereadora, sendo a vereadora mais votada, e agora como deputada estadual também”, disse.
No entanto, ela garante que ainda não é pré-candidata. “Eu tenho tido algumas conversas, mas ainda não iniciei pré-campanha nem me coloquei como pré-candidata. Eu tenho focado muito no meu mandato como deputada estadual, porque estamos vivendo um momento muito difícil e muito crítico com essa questão da pandemia”.
Em segundo lugar na pesquisa, aparece o empresário Wilson da Rezato (PSB). Ele é dono de uma construtora em Juiz de Fora e, segundo ele mesmo, já construiu mais de 7.000 imóveis na cidade. Rezato disputou a última eleição municipal para prefeito, mas não chegou ao segundo turno. Ele teve 16,82% dos votos.
“Na última eu fiquei em quarto lugar, mas nessa eu vou ficar em primeiro. Aprende com a primeira pra ganhar a segunda”, disse.
A deputada Margarida Salomão (PT) também disputou a última eleição e é novamente pré-candidata. Em 2016, ela foi para o segundo turno mas perdeu para Bruno Siqueira (MDB). Ela aparece na pesquisa da F5 Atualiza Dados em terceiro lugar nas intenções de votos.
“Na verdade, eu apareço empatada com o primeiro e o segundo. É uma pesquisa ainda muito incipiente, não só pelas características dela, mas também porque o cenário ainda está muito verde. Quarenta e dois por cento das pessoas nessa pesquisa declaram que, neste momento, elas não estão interessadas em política. E, se somar as que estão pouco interessadas, somam 70%”, disse. Ela atribui esse desinteresse à pandemia e às incertezas acerca das eleições, cuja definição de novo calendário saiu há pouco mais de 15 dias.
Já o atual prefeito Antônio Almas (PSDB) aparece em quarto lugar na pesquisa, mas também não oficializou sua pré-candidatura. Ele assumiu em 2018, quando o então prefeito Bruno Siqueira deixou o cargo para disputar uma cadeira de deputado estadual. Com apenas 5,75% das intenções de votos, Almas atribui o resultado às dificuldades enfrentadas por sua gestão.
“Eu assumi em abril de 2018 já vivenciando um dos piores momentos do ponto de vista econômico do Estado de Minas Gerais, onde havia toda uma dificuldade de repasses de recursos para os municípios e que impactava diretamente a própria sobrevivência das políticas públicas”.
Ele disse ainda que a situação se tornou ainda mais complexa com a chegada da pandemia que atingiu em cheio a arrecadação do município. “E, para completar, agora a gente está no meio de uma pandemia, em que há uma dificuldade enorme pra todos os prefeitos. Se você fizer tudo certinho do ponto de vista sanitário, você será crucificado pelo setor econômico. Se você trabalhar em uma perspectiva de liberação econômica e flexibilização, você com certeza vai pagar custo alto do ponto de vista sanitário e, por conseguinte, nós vamos ter aí uma grande quantidade de vidas ceifadas”, disse.