BRASÍLIA " No último domingo Enéas Carneiro (Prona-SP) garantiu sua reeleição com 387 mil votos. O feito, muito aquém dos 1,5 milhão de votos que há quatro anos o consagrou como o deputado mais votado da história da Câmara, ainda é extraordinário para um parlamentar de atuação pífia e de presença modesta no Legislativo federal.
Enéas tornou-se um fenômeno de votos graças a uma estratégia exitosa " adotada principalmente por partidos nanicos " de lançar candidatos que, ao invés de pedirem votos para si, trabalham para eleger o único nome de suas legendas com visibilidade e alguma chance de ascensão, fazendo o papel de "candidatos laranjas".
Cinco vagas
Em 2002, o Prona garantiu cinco vagas na Câmara dos Deputados como o fenômeno Enéas, mas três acabaram debandando para outras legendas menos de um ano depois das eleições.
Era a primeira vez que o partido ocupava uma vaga no Congresso Nacional e quatro "laranjas", com expressão política e votação inferiores a de um presidente de diretório acadêmico, por exemplo, acabaram eleitos. Ildeu Araújo, atualmente no PP, teve 382 votos em 2002.
Vandelei Assis e Professor Irapuan, também no PP, garantiram módicos 275 e 673 votos, respectivamente.
Menos modesto, mas também aquém da maioria dos eleitos naquele ano, Amauri Gasques (PL) fez 18.421 votos Único remanescente da bancada com Enéas, o deputado Elimar Máximo Damasceno não se reelegeu, mas repetiu o esforço e trabalhou com afinco para que o "Dr. Enéas", como é chamado, ficasse entre os cinco mais votados de São Paulo.
Eleito com 484 votos e puxado pelo coeficiente eleitoral daquele ano, Damasceno ficou de novo sem aparecer na propaganda eleitoral gratuita deste ano.
Mais uma vez, topou repetir a estratégia de ocupar os escassos segundos de TV da legenda só com a figura e o bordão "Meu nome é Enéas" do líder. "Na rua eu nem falava de mim. Ia perder tempo com isso. Pedia votos para o dr. Enéas", lembra o deputado.