Câmara de BH

Di Gregório quer cassação de colega por quebra de decoro parlamentar

Vereador disse que fará uma representação contra Bella Gonçalves após tumulto em sessão

Por Lucas Henrique Gomes
Publicado em 04 de outubro de 2019 | 03:00
 
 
 
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As discussões acaloradas que tomam conta da Câmara de Belo Horizonte desde o dia 11 de setembro, em decorrência do projeto Escola sem Partido, devem culminar em mais um pedido cassação por quebra de decoro parlamentar. O vereador Jair di Gregório (PP) disse ontem que deve representar contra Bella Gonçalves (PSOL), após ela tê-lo questionado na sessão de anteontem ao ter a palavra interrompida enquanto ele presidia o colegiado.

“Ela extravasou de uma maneira raivosa, foi pra cima, todo mundo viu o vídeo. O vídeo, por si só, já mostra o destempero da vereadora do PSOL”, disse. 

Di Gregório afirmou que houve um encontro da Mesa Diretora da Casa na tarde de ontem e que um dos assuntos discutidos foi a representação contra a vereadora. “Vamos apresentar ao corregedor um pedido de quebra de decoro, e essa Casa vai julgar se vai para frente ou não”, declarou.

Anteontem, enquanto discutia um dos vários requerimentos que obstruem o Escola sem Partido, Bella Gonçalves teve o microfone desligado por Di Gregório. Ela correu na direção do presidente da sessão e tentou falar ao microfone dele, alegando não ser regimental a atitude do parlamentar. O vídeo foi compartilhado nas redes sociais.

Em entrevista à reportagem de O TEMPO antes da sessão de ontem, Bella disse que o pedido a ser apresentado não a preocupa. “Não existe materialidade. A sessão teve um equívoco grotesco e pode, inclusive, ser impugnada na Justiça. Não fiz nada além de questionar a violação do regimento. Diante da atitude autoritária, eu fui questioná-lo, e ele disse que era um atitude descontrolada. Acho irônico, porque estou (na Câmara) há nove meses e já vi de tudo aqui: vereador se agredindo, usando gesto obsceno, ameaçando uns aos outros. Isso não ganha tanta repercussão quanto uma mulher, de forma aguerrida, fazer defesa das escolas contra um projeto antidemocrático e questionar, de forma legítima, a violação do regimento”, argumentou.

O corregedor da Câmara Municipal, Bim da Ambulância (PSDB), disse que, quando receber o pedido, vai ouvir as testemunhas a favor de Jair di Gregório, a própria vereadora e as possíveis testemunhas indicadas por ela. Na sequência, ele enviará o seu parecer para o plenário decidir se abre ou não o processo de cassação. 

Escola sem Partido emperrado

Na sessão de ontem, a Câmara chegou à sexta reunião plenária com o Escola sem Partido em pauta, mas sem votação. A bancada da esquerda, que vem realizando obstruções desde quando a proposta foi colocada em discussão, afirma que só vai interromper a manobra quando o texto for retirado, o que a Frente Parlamentar Cristã rejeita de todas as formas.

O vereador Wesley Autoescola (PRP), presidente da bancada religiosa, prevê que o projeto só será apreciado na quinta-feira que vem, um dia antes do término das sessões de outubro. Ontem, Gilson Reis (PCdoB) disse que já há “mais de 50 horas de discussão” sobre o projeto.

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