Redes sociais

Direita mantém capital político na internet mesmo em crise do coronavírus

Dados obviamente não permitem dizer quem sairá vitorioso ao fim da guerra de discursos diante da pandemia

Por Folhapress
Publicado em 24 de março de 2020 | 11:28
 
 
 
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A atual crise do coronavírus parece não ter erodido muito o "capital digital" da direita. O termo, criado pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP-FGV), é um índice que mede o desempenho de atores políticos em redes sociais. No Twitter, é calculado com base na média de retuítes de cada publicação. No Facebook, é a soma de reações, comentários e compartilhamentos. E no YouTube, a média de visualizações de vídeos nos canais dos parlamentares.

Quanto maiores esses critérios, maior o score, começando em zero e indo até a casa dos milhares de pontos.

Pelos cálculos do DAPP, a direita bolsonarista segue com o maior capital social nas três redes, segundo medição feita entre os dias 10 e 17 de março.

No Twitter, hoje a rede social mais presente no varejo da discussão política, quem lidera é o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro na Câmara e figura de proa na formação do novo partido Aliança Pelo Brasil. Marca exatos 17.228 pontos.

Ele é seguido por dois filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
No centro, quem tem maior capital digital é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que chega a 11.204 pontos. E na esquerda, Jandira Feghali (PC do B-RJ), com 5.719.

Uma ressalva que o estudo faz é que, embora o capital digital da direita seja maior, ela tem mais dificuldades de furar bolhas. Centro e esquerda têm conseguido ampliar sua mensagem para um público maior no debate sobre a pandemia.

Já no YouTube, quem lidera é o gaúcho Marcelo Brum (PSL), outro que deve migrar para o Aliança. Uma curiosidade é que nesta rede social, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) aparece em terceiro lugar na direita, embora tenha rompido com Bolsonaro.

Já no centro, destaca-se um deputado que até outro dia era considerado direitista, Kim Kataguiri (DEM-SP). Na esquerda, quem se destaca é Gleisi Hoffmann, presidente do PT. Mas ambos com pontuação abaixo da dos líderes da direita.

Por fim, o mesmo se repete com o Facebook. Carla Zambelli (PSL-SP), ex-líder do movimento Nas Ruas e expoente da tropa de choque de Bolsonaro, é quem mais consegue engajamentos, seguida por outra fiel escudeira do presidente, Bia Kicis (PSL-DF).

No centro, o líder é Sargento Fahur (PSD-PR), e na esquerda, novamente Jandira.

Os dados obviamente não permitem dizer quem sairá vitorioso ao fim da guerra de discursos do coronavírus. Mas sem dúvida dão um certo alento à direita bolsonarista, depois da saraivada de críticas dos últimos dias pelos erros na condução da crise.

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