Neste domingo, eleitores de 57 municípios brasileiros com mais de 200 mil habitantes vão às urnas para a escolha de prefeito e vice no segundo turno das eleições municipais. Em Minas, a nova votação ocorre em Contagem, Juiz de Fora, Uberaba e Governador Valadares, enquanto na capital, que teve número recorde de candidatos, a população optou por conceder mais quatro anos de mandato ao atual prefeito.
No primeiro artigo que publiquei neste espaço, em 2 de outubro passado, defendi a realização das eleições mesmo neste ano tão tumultuado pela pandemia de Covid-19, que afetou os mais diversos aspectos de nossa vida. Trata-se de um esforço das instituições e de toda a sociedade para fazer valer a Constituição e preservar princípios democráticos como o voto e a possibilidade de alternância de poder.
De lá para cá, nesses quase dois meses entre a publicação do artigo e o último ato do pleito, tive a oportunidade de acompanhar a campanha e de conversar com eleitores, candidatos e lideranças de diversos municípios. A todo momento, a tese de que a realização das eleições era imprescindível, mesmo em cenário de extrema dificuldade, mostrou-se acertada.
Mesmo que o absenteísmo tenha sido maior que a média histórica em alguns municípios, foi possível testemunhar um intenso envolvimento das comunidades na avaliação dos candidatos e de suas propostas, bem como o esforço destes para levar sua mensagem ao eleitor em uma campanha diferente. Foi necessário superar restrições financeiras, estruturais e, ainda, as sanitárias para apresentar a candidatura e conquistar os votos.
Outro ponto a se destacar, apesar de analistas apontarem a vitória e a derrota de representantes desta ou daquela linha ideológica, é que, na maioria das localidades, o acirramento se deu muito mais entre forças tradicionais e novas lideranças do que entre esquerda e direita, por exemplo. O eleitor decidiu, até demonstrando maturidade, entre manter um projeto de administração ou trocá-lo, algo bem mais comum e pragmático do que o viés ideológico.
É certo que a política e os políticos estão sob tremendo descrédito da população, em fenômeno global e que parece apenas piorar, já que, de fato, em muitos momentos os mandatários tratam de alimentar esse sentimento com atos e palavras que vão na contramão do que os cidadãos esperam. O processo eleitoral, porém, mostra que as pessoas estão, sim, em sua maioria, dispostas a se manifestar pelo voto e renovar a esperança de que os eleitos trabalharão mais e melhor.
A democracia segue sendo o regime político mais adequado para todos os que defendem a liberdade e a organização da sociedade em torno de instituições que a representem e atuem pelo bem-estar da coletividade, mesmo com imperfeições e contradições como o uso das liberdades democráticas para tolher o cidadão ou sistemas eleitorais imperfeitos. Cabe aos eleitos assegurar que essa crença se justifique por produzir resultados no cotidiano dos cidadãos.
O segundo turno conclui, assim, o processo eleitoral de 2020, reafirmando, uma vez mais, a importância dessa manifestação democrática da população para a vida do país. Reputo a eleição municipal como a mais importante, aquela que define os administradores e representantes mais próximos da população e mais capazes de identificar os problemas e buscar soluções; são aqueles cujos atos impactam mais diretamente a vida de cada um, para o bem e para mal.
Sendo assim, aos que votarão no próximo domingo, desejo razão e consciência; e aos candidatos, desejo o reconhecimento do trabalho, porque não é pela sorte que se vence uma eleição ou se faz um bom mandato.