Em convenção, MDB oficializa candidatura de Simone Tebet à presidência

Em convenção virtual, o MDB lançou oficialmente, nesta quarta-feira (27), a candidatura da senadora Simone Tebet à presidência da República. Na votação, ela recebeu 262 votos favoráveis e 9 contrários, o equivalente a 97% do total. Cerca de 35% dos delegados não compareceram.

Tebet entra na disputa como a representante da chamada terceira via, com o apoio da federação formada por PSDB e Cidadania. Também nesta segunda, ambos os partidos realizaram a convenção para confirmar o apoio à senadora.

“Nossos alicerces democráticos estão abalados. [...] Principalmente por essa polarização ideológica, esse discurso de ódio de nós contra eles que está levando ao abismo. Só nós, só o centro democrático tem a legitimidade para dizer que tem a capacidade de pacificar o Brasil”, disse Tebet em discurso no início do evento.

Nas pesquisas, a candidata tem desempenho tímido. Ela aparece com  cerca de 2% das intenções do voto, empatada entre o quarto e quinto lugares com André Janones (Avante).

Tebet terá o próprio partido dividido ao longo da campanha. Caciques emedebistas de pelo menos 11 estados declararam apoio ao ex-presidente Lula (PT) já no primeiro turno. Eles tentaram articular pelo adiamento da convenção para o dia 5 de agosto, data-limite para as reuniões.

Além disso, a ala lulista do partido protocolou uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) buscando impedir a realização da convenção. O argumento era de que a modalidade virtual prejudicaria o sigilo do voto. O pedido foi rejeitado pelo presidente da Corte, o ministro Edson Fachin.

Devido aos questionamentos, o partido definiu que na votação virtual, apenas um delegado pode votar de cada vez - segundo a consultoria que coordenou o processo, o sistema suporta até dez votantes simultâneos. Com isso, a votação durou mais de uma hora acima do esperado.

Os diretórios de Alagoas e Paraíba, que estão entre os setores favoráveis a Lula no partido, não enviaram representantes à votação.

Além disso, em alguns diretórios das regiões Sul e Centro-Oeste, as lideranças têm ligações com o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Assim, apesar de não ter oficializado nenhuma orientação, o presidente do MDB, o deputado Baleia Rossi, firmou um “apoio tácito” para que cada diretório estadual do partido tenha autonomia para definir alianças e apoios na disputa nacional.

Indefinição do vice

Vai caber ao PSDB e ao Cidadania indicar o candidato a vice-presidente na chapa de Simone Tebet. A expectativa, segundo o presidente do PSDB, Bruno Araújo, é que a decisão saia até o fim da semana.

O nome preferido de Tebet é o do senador Tasso Jereissati (PSDB–CE), que teria “prioridade” para ocupar a vaga, mas ele deve declinar o convite.

Com isso, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) é a mais cotada para a função. Seria a primeira chapa inteiramente feminina entre grandes partidos em disputas presidenciais.

Trajetória

Simone Tebet, 53, é nascida em Três Lagoas (MS), cidade de onde foi prefeita por dois mandatos, de 2005 a 2010. Antes, foi deputada estadual pelo Mato Grosso do Sul.

Após governar a cidade-natal, Tebet foi vice-governadora do estado de 2011 a 2015, no mandato de André Pucinelli, e ocupou a Secretaria de Governo entre 2013 e 2014.

Nas eleições de 2014, foi eleita senadora pelo Mato Grosso do Sul. No mandato, foi a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, e votou a favor das principais medidas do governo Michel Temer, como o teto de gastos e a reforma trabalhista.

No governo Jair Bolsonaro, foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado de 2019 a 2020 e ganhou projeção na CPI da Pandemia, no ano passado, com posição crítica ao governo Jair Bolsonaro.

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