Em ‘happy hour’, Romeu Zema recua de ataque ao presidente da ALMG

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), falou pela primeira vez sobre ter chamado o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Agostinho Patrus (PV) de “retardatário”. O comentário, no entanto, não foi público.

Em um jantar na noite de terça-feira, Zema disse a outros 18 deputados que não teve intenção de ofender Agostinho e que sabe a importância da Assembleia para o governo de Minas.

O governador disse ainda que deixará a ALMG ciente de todos os atos do governo.

Na reunião, chamada pelo deputado Gil Pereira (PP) de ‘happy hour’, Zema ouviu cada um dos deputados. Mas também ficou claro que a articulação política está nas mãos de Bilac Pinto, secretário de Governo, que assumiu recentemente.

Bilac sentou-se ao lado direito de Zema e ouviu atentamente os parlamentares. O encontro começou às 19h e terminou por volta das 23h30.

Anfitrião, o deputado Gil Pereira afirmou que Zema disse que  consultará Agostinho sobre todos os movimentos do governo mineiro.

“Tudo que fizer, primeiro ele vai conversar com Agostinho diretamente e com líderes de cada bloco (...) Foi uma colocação, mas sem querer ofender. O Bilac Pinto também esteve na reunião. Ele (Bilac) sempre querendo integração com Assembleia, ouvindo a Assembleia”, disse  Pereira, que classificou o encontro como “fraterno”. Em uma rede social, o próprio governador Zema publicou uma foto do encontro. “Confraternizando com parlamentares estaduais na casa do anfitrião, deputado Gil Pereira”, disse. 

 No encontro, alguns deputados beberam vinho tinto. Zema, porém, preferiu água e comeu carne de sol. 

Projeto
Os 18 deputados também ouviram no encontro que o governo enviará até o final deste mês o projeto de plano de recuperação fiscal, como Bilac Pinto havia dito na última segunda-feira (2).

O primeiro a conhecer o plano será Agostinho Patrus, informou Gil Pereira. “Vai mostrar, primeiro, para o presidente da Assembleia, depois líderes dos blocos, depois os deputados. Não vai fazer nada afoito (...) Sempre ouvindo a Assembleia para fazer essa travessia”, afirmou. 

O próximo passo do governo, principalmente para tentar estancar a crise aberta desde segunda, será convidar outros deputados para reuniões. Quem comandará as conversas, do lado do governo, será Bilac Pinto.

Crise
Na última segunda, durante sessão solene na ALMG para entrada do Legislativo no sistema de digitalização de documentos, Zema chamou Agostinho de “retardatário”, por ser representante do último Poder em Minas a aderir ao sistema.

Agostinho retrucou em seguida ao cobrar repasses em dia para municípios de Minas. No dia seguinte, quase todo tempo da sessão ordinária foi utilizado por parlamentares  de diversos partidos para rebater o discurso do governador.

Duodécimo 
A crise, no entanto, agravou-se com a fala de Bilac Pinto na mesma sessão em que Zema atacou a ALMG. Bilac Pinto afirmou que, caso a ALMG não aprove o plano de recuperação fiscal, o Estado deixará de fazer repasses ao Poderes Legislativo e Juduciário (O duodécimo é o repasse feito pelo Executivo, neste caso o Governo de Minas, para os outros Poderes, que não têm arrecadação própria). Ao deixar de repassar o duodécimo, deputados, juízes, desembargadores e funcionários ficariam sem receber seus salários, por exemplo). 

Deputados se sentiram ameaçados com a declaração de Bilac e exigiram que o governo não faça ameaças ou chantagens para conseguir aprovação de projetos. 

O presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Nelson Missiais, também na terça-feira, reuniu-se com Agostinho Patrus para prestar solidariedade ao Legislativo Estadual. Na ocasião, Missias definiu Agostinho como "estadista".