Ainda sem consenso até mesmo dentro do próprio partido para uma candidatura própria nas eleições municipais do próximo ano, o deputado federal Rogério Correia (PT), pré-candidato à prefeitura de Belo Horizonte em 2024, não descarta o apoio do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) e a composição de outros partidos de esquerda em uma eventual candidatura a prefeitura da capital.
Durante evento de lançamento da pré-candidatura, nesta terça-feira (12), no Centro de BH, Rogério Correia garantiu que o PT terá uma chapa própria nas próximas eleições, afastando rumores de interlocutores da própria legenda que acreditam que dificilmente a candidatura do deputado vá para frente.
Parte do diretório trata a pré-candidatura do parlamentar como "jogo de cena" já que nos bastidores muitos acreditam que até em âmbito nacional seja mais vantajoso fortalecer a aliança do presidente Lula (PT) com o PSD. A propósito, o lançamento da pré-campanha de Correia não contou com nomes de peso do PT. Entre as figuras de repercussão nacional, só o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, prestigiou o evento.
"A presidente Gleisi Hoffmann esteve aqui quando nós definimos por unanimidade (a minha pré-candidatura) e todos os movimentos são de conhecimento do presidente Lula. Essa é uma das principais candidaturas do PT em nível nacional já definida pelo próprio diretório nacional. Belo Horizonte é a principal cidade que o PT vai disputar do ponto de vista de candidato filiado ao partido", argumentou Correia.
O deputado descartou ainda qualquer possibilidade de acordo de apoio de Lula a uma candidatura do prefeito da capital, Fuad Noman (PSD). Nas últimas eleições, Fuad apoiou no segundo turno o candidato petista à presidência.
"Não existe qualquer acordo (com Fuad), existia um acordo de apoio com o Boulos em São Paulo que foi explícito. Em Belo Horizonte, o PT faz questão do lançamento da candidatura. A candidatura do próprio prefeito encontra dificuldades dentro do próprio partido. Nós temos um vídeo do ministro Alexandre Silveira (PSD) desejando boa sorte", alfinetou.
O deputado federal aproveitou, então, para criticar a gestão do prefeito Fuad Noman. Segundo ele, Belo Horizonte está desacelerada. "É uma gestão que eu diria ser devagar, quase parando e nós precisamos acelerar. A cidade quando está muito parada, ela não anda. Nós estamos com um slogan 'BH pode mais', porque eu acho que a Prefeitura Belo Horizonte não está no potencial que poderia ter. A cidade está sem participação popular, do ponto de vista da mobilidade urbana está muito aquém do que precisa também", completou o parlamentar.
Rogério Correia diz que já conversou com o ex-prefeito Alexandre Kalil e quer muito o seu apoio. "Eu conversei com o Kalil uma vez, mas quero conversar mais, ele é muito bem aceito na cidade. Eu e o PT apoiamos o Kalil (ao governo do Estado), fui muito fiel ao Kalil. Então, pretendo conversar sim, o leque de aliança que eu procuro é amplo. Além dos partidos esquerda e centro esquerda, vamos ampliar também para todos esses que estão em torno do presidente Lula", finalizou.
“Em construção”
Apesar da fala de Correia, o ministro do trabalho, Luiz Marinho, afirmou que a pré-candidatura do deputado federal está “em construção”.
“É um aquecimento para escutar a cidade, escutar o povo. É uma pré-candidatura em construção, em construção com os outros partidos, com a federação, com os partidos aliados, e acima de tudo para ouvir a população. Essa escuta é fundamental na construção de qualquer plataforma em qualquer cidade. Essa é a nossa experiência dos nossos 40 anos de partido”, pontuou.
Para o ministro, o deputado federal pode, sim, porém, liderar em Belo Horizonte. “Tenho certeza que o Rogério pode liderar aqui em BH, para ter uma boa candidatura e, quem sabe, ser o nosso prefeito para voltar a fazer políticas públicas”, acrescentou.
"De última hora"
O PT precisou mudar às pressas o local de lançamento da pré-candidatura à prefeito de Belo Horizonte do deputado federal Rogério Correia, após a Justiça Eleitoral aceitar um pedido liminar feito pelo Partido Novo. O evento aconteceria no auditório da Faculdade de Direito da UFMG, na noite desta terça-fiera (12), mas o Novo argumentou que a legislação proíbe a realização de atos políticos e pré-eleitorais em prédios públicos.
Com isso, o evento aconteceu em um hotel, na região Central de BH.