Secretária de Cultura

Em primeira entrevista, Regina Duarte critica ala ideológica

Em rota de colisão com o grupo de Olavo de Carvalho, secretária de Cultura diz que facção faz campanha contra ela

Por Da Redação
Publicado em 09 de março de 2020 | 09:00
 
 
 
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Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, a nova secretária de Cultura do governo federal, Regina Duarte, disparou contra a ala ideológica que cerca o governo, a que chamou de "facção", fez críticas ao antigo titular da pasta, Roberto Alvim, e ao presidente da Fundação Palmares. A atriz ainda afirmou que enfrenta enorme resistência no início do trabalho, mas que resistirá na função. 

Durante a entrevista, Regina Duarte sinalizou que não deve destinar atenção e verbas a grupos minoritários e disse que o dinheiro público deve ser utilizado "de acordo com algumas diretrizes".

"Você não vai fazer filme para agradar a minoria com dinheiro público", disparou, na reta final da entrevista, explicando que "todos estão livres para se expressar, contanto que busquem seus patrocínios na sociedade civil."

Em conversa na qual abordou muitos temas, Regina Duarte disse que a Lei Rouanet precisa ser democratizada, para que mais pessoas tenham acesso aos recursos públicos.

Ela também disse não ver resistência direta da classe artística. Afirmou que muitos dos representantes do setor estão calados, esperando para ver o que vai acontecer. Segundo ela, eles vão refletir que não é inteligente perder a oportunidade de apoiar medidas que seriam boas para o setor.

Também na conversa com o Fantástico, a secretaria de Cultura disse que não sente nenhum desconforto em relação ao fato de Bolsonaro ser saudosista do regime militar. Ela respondeu à questão ao ser lembrada de que, como atriz, teve alguns trabalhos censurados pela ditadura militar. "Eu estou vivendo a história do meu país do jeito que ela vem. Porque a história ela é... Ela anda", disse, pregando que é preciso olhar para a frente.

Ela também falou em "enormes dificuldades" nos primeiros dias no cargo e disse que enfrenta uma "facção" que quer tomar o controle do ministério. "Quer que eu me demita, que eu me perca", disse. "Já tem uma hashtag #ForaRegina. Eu nem comecei!", completou.

Nesta primeira semana de gestão, a atriz exonerou nomes ligados à ala olavista do governo. "Exonerações são necessárias. Eu quero ter uma equipe na qual eu possa confiar", disse.
Entre as exonerações oficializadas está a de Dante Mantovani, da Funarte, a Fundação Nacional de Artes, que é aluno do guru de Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho, membro da Cúpula Conservadora das Américas, e já fez declarações ligando o rock ao satanismo.

Uma possível futura demissão é a de Sérgio Camargo, da Fundação Palmares. Nas palavras da secretária, Camargo é "ativista, mais que um gestor público". No entanto, ela diz que está "adiando esse problema", para baixar a temperatura. "E logo, logo a gente vai ver."

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