PODE PIORAR

'Espero uma escalada nos casos de dengue'', diz secretário de Saúde de BH

O chefe da saúde municipal, Danilo Borges Matias, acredita que onda da doença neste ano será comparada às curvas de 2019 e 2016

Por Gabriel Ronan
Publicado em 30 de janeiro de 2024 | 09:36
 
 
 
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Três semanas. Esse deve ser o tempo necessário para a dengue chegar ao seu ápice de diagnósticos em BH neste ano, prevê o secretário municipal de Saúde Danilo Borges Matias. Ele concedeu entrevista exclusiva ao Café com Política da FM O TEMPO 91,7 na manhã desta terça-feira (30) e afirmou que a crise deste ano deve ser comparada às de 2019 e 2016.

Historicamente, a dengue sempre tem uma alta de casos a cada três anos por conta da recirculação de sorotipos que a população ainda não tem imunidade. Em tese, a situação que o Brasil vive hoje teria ocorrido em 2022, mas as mudanças provocadas pela pandemia, sobretudo no comportamento das pessoas, provocaram um retardamento do problema. 

"A gente teve uma temporalidade alterada muito provavelmente por uma dinâmica populacional alterada por conta da pandemia. Mas, a doença está aí. [...] A gente está esperando uma escalada ainda no número de casos. Nas próximas três semanas, este pico deve ser atingido”, afirmou o secretário Danilo Borges Matias. 

Apesar do quadro preocupante, ele descartou, ao menos por ora, um decreto de emergência em saúde, como o assinado pelo governador Romeu Zema (Novo) na semana passada. “Quando a gente compara a situação de Minas Gerais com a de Belo Horizonte, a gente vê que um decreto de emergência em saúde não mudaria muito a nossa realidade. O nosso plano não é afetado pelas facilidades legais que um decreto traria. Mas, nós estamos trabalhando dia a dia", afirmou o chefe da saúde de BH. 

De acordo com o secretário, o monitoramento dos casos confirmados da doença têm algum atraso, justamente porque as amostras coletadas dos pacientes com suspeita são analisadas pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), administrada pelo Governo de Minas na região Oeste de BH. No entanto, a Funed presta o mesmo serviço para diversos outros municípios, portanto a demanda é alta. Dessa maneira, o acompanhamento da PBH é feito mais sobre os casos prováveis, a soma entre os suspeitos e confirmados. 

Sobre a duração da onda de dengue, o secretário pediu apoio da população para evitar água parada, pois ainda que a alta seja esperada, os cuidados precisam ser mantidos para evitar uma epidemia. "A curva poderá ser menos grave se nós tomarmos medidas hoje. O monitoramento mostra que mais de 85% dos focos do mosquito estão nas casas. Ainda há tempo", alertou.

Sorotipo 2

O subtipo 2 da dengue (DENV-2) é a maior preocupação das autoridades de saúde em Belo Horizonte no momento, diante da alta de casos da arbovirose. Em entrevista a O TEMPO na manhã desse sábado (27), o subsecretário de Atenção à Saúde, André Luiz de Menezes, afirmou que esse sorotipo não circula na cidade há 20 anos.

"O que a gente observa é a susceptibilidade. Esse ano, como voltou a circulação do tipo 2 e em Belo Horizonte essa circulação aconteceu pela última vez há 20 anos, então a gente tem uma susceptibilidade maior da população (de infecção por esse vírus). Além disso, a infecção por dois sorotipos, na sequência, pode ser um preditor da gravidade da doença, então a gente fica mais atento", disse André Luiz de Menezes.

Número de casos

Em Belo Horizonte, foram confirmados 665 casos de dengue e 35 de chikungunya em 2024. Não há confirmação de casos de zika. Os cinco centros de saúde que foram abertos pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no último fim de semana para atendimento de casos dessas enfermidades realizaram 759 consultas de pessoas com sintomas das doenças. As unidades Carlos Renato Dias, Vera Cruz, Aarão Reis, Betânia e Rio Branco funcionaram das 7h às 19h.

Conforme a Prefeitura de Belo Horizonte, neste mês, considerando os centros de saúde e UPAs, foram cerca de 19 mil atendimentos a casos suspeitos de dengue e outras arboviroses, sendo 665 já confirmados. Em dezembro de 2023, por exemplo, foram aproximadamente 3.000 atendimentos a casos suspeitos, um aumento de 533%.

 

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