Presidente do PT

Gleisi apoia projeto de abuso de autoridade: 'não pode crime contra crime'

A medida tem sido alvo de protestos de entidades que representam magistrados e agentes de segurança pública em todo o país

Por Sávio Gabriel
Publicado em 24 de agosto de 2019 | 16:07
 
 
 
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A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), saiu em defesa do projeto que define quais ações são consideradas abuso de autoridade. A petista discorda que a medida tiraria a autonomia de entidades como o Ministério Público e o Poder Judiciário, e afirmou que se as instituições seguirem a legislação, não haverá problemas. “O que não pode é se praticar crimes para combater o crime”, disse, durante coletiva de imprensa realizada na manhã deste sábado (24), em Belo Horizonte.

Desde que foi aprovada na Câmara dos Deputados, no dia 14 de agosto, a medida tem sido alvo de protestos de entidades que representam magistrados e agentes de segurança pública em todo o país. A própria procuradora Geral da República, Raquel Dodge, se posicionou de maneira contraria ao texto, que está sob avaliação do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O presidente já sinalizou que deve vetar alguns artigos, mas não disse quais.

“Não defendemos o veto. Somos contra o abuso de autoridade. Nenhuma autoridade pode se valer do posto que ela ocupa para exercer perseguição, para fazer disputas políticas. Já tivemos muito isso no país e está errado”, disse Gleisi, destacando que a regra vale para qualquer autoridade, incluindo parlamentares, juízes e governantes.

De acordo com ela, é preciso seguir o que prevê a lei. “Numa sociedade democrática é assim que funciona. Um juiz não pode extrapolar suas funções e assumir papel de acusação, assim como a Polícia Federal não pode ter ações que agridam e que atentem contra o direito, não só meu, dos parlamentares, das autoridades, mas do povo brasileiro”.

A fala da presidente se alinha ao discurso nacional da sigla, que nos últimos anos tem feito críticas às investigações conduzidas pelo Judiciário, especialmente no âmbito da operação lava-jato. A principal tese defendida pelo PT é de que a operação teve objetivo de perseguir o partido e seus principais nomes, a exemplo do ex-presidente Lula, que está preso desde abril de 2018.

Futuro do PT

A presidente esteve na capital mineira para lançar oficialmente sua candidatura de reeleição ao cargo. Ela fez um balanço dos últimos anos à frente da legenda e falou sobre os planos futuros, caso seja reconduzida ao cargo. A prioridade será fortalecer o PT por meio do diálogo com a base.

“A primeira coisa é fortalecer o PT, nossa base, nossa militância, nossa relação com movimentos sociais e a retomada do diálogo constante com a sociedade brasileira”, disse, acrescentando que o partido “vai continuar ao lado do povo para fazer enfrentamento à política de desconstrução feita em relação ao PT”.

A estratégia passa, ainda, pela consolidação de um bloco com outros partidos de oposição. “Vamos apostar na consolidação de um bloco de forças progressistas e populares. Temos isso encaminhado com partidos de oposição, com forças do movimento social, e vamos discutir as eleições de 2020, que são importantes para fazer o debate nacional e local”.

Ela também fez um balanço dos últimos dois anos à frente da presidência da sigla. “Passamos por um processo difícil nesse período. Teve o impeachment da Dilma, que consideramos golpe porque não tinha base constitucional, a prisão de Lula”, disse, afirmando ainda que a eleição do ano passado foi marcada por fake news e abuso de poder econômico.

A presidente do PT lembrou que o partido focou na militância e que os debates focaram na necessidade de a legenda continuar com sua base social organizada. “Fortalecemos o partido para fazer esse enfrentamento e acho que conseguimos ter um saldo positivo nesse sentido. Tanto é assim que, apesar de toda essa perseguição eleitoral, o resultado eleitoral foi positivo ao PT”, disse Gleisi Hoffmann, citando o fato de o partido ter conseguido a maior bancada na Câmara dos Deputados, com 56 parlamentares, e a maior bancada de governadores, com quatro governantes.

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