Na tentativa de ampliar sua base de apoio na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no ano passado, o governador Romeu Zema (Novo) colocou o bloco independente Minas São Muitas na primeira prateleira de prioridade para a destinação de emendas parlamentares. Formado por 39 deputados, o grupo teve R$ 59,1 milhões para dividir. O dinheiro chegou aos cofres municipais neste ano, mas foi empenhado em 2022, já que as emendas precisam entrar oficialmente no projeto de orçamento do Executivo para o ano seguinte. Portanto, a negociação diz mais a respeito do mandato anterior do chefe do Executivo do que do atual.

Para se fazer uma comparação, o bloco governista Deputado Luiz Humberto Carneiro e o de oposição Democracia e Luta foram agraciados praticamente com o mesmo dinheiro para emendas: R$ 29 milhões cada um. Colocado como oposição a Zema no início do mandato, o Partido Liberal (PL) mudou de lado com a migração de deputados bolsonaristas na janela partidária, o que fez a legenda levar R$ 18,7 milhões em emendas neste ano – o maior volume entre partidos.

Em nota, o governo de Minas informou que "os novos deputados não têm direito a emendas parlamentares pelo fato de ainda não terem tomado posse durante a tramitação da LOA, aprovada no ano passado". Segundo a gestão, "cabe reforçar que não existe 'emenda extra'. O que acontece é que todo e qualquer agente político (deputado, prefeito, vereador), e até mesmo a sociedade civil, pode demandar ações e investimentos ao Estado". Ainda conforme o Executivo, "a aplicação destes recursos é avaliada de maneira técnica e financeira, podendo ser atendida ou não".

Líderes

Quando a análise se volta aos gabinetes, três deputados lideram em emendas liberadas pelo governo de Minas: Leandro Genaro (PSD), Leonídio Bouças (PSDB) e Léo Portela (PL) tiveram R$ 5,9 milhões cada um para destinar às suas bases neste ano. Depois, aparecem Cleitinho Azevedo (Republicanos), Braulio Braz (PTB) e Bosco (Cidadania), todos os três entre R$ 5,6 milhões e R$ 5,7 milhões cada um para agradar a prefeitos aliados. 

Do outro lado da moeda, estão Guilherme da Cunha (Novo), Bartô (PL), Noraldino Júnior (Podemos) e Andréia de Jesus (PT). Os quatro não receberam sequer um centavo de emenda parlamentar. Destes, apenas a petista permanece na Assembleia Legislativa. 

Entre os mais agraciados por Zema, Leonídio Bouças e Léo Portela, ao serem procurados pela reportagem, se mostraram surpresos com a informação de que lideram a lista. Em nenhum dos casos o recurso enviado às cidades teve destinação justificada.

“Eu não tenho preocupação alguma, porque emendas minhas vão para os cidadãos que eu represento. Em um ano, eu atendo algumas cidades, no outro ano, outras. Nós temos que atender quem? Aqueles que nos procuram com demandas. Eu não sou o governador para atender o Estado inteiro. O prefeito me pede uma transferência especial, então é claro que eu vou saber depois como ele usou aquele recurso”, afirma o deputado Leonídio Bouças.