BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (27), que os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), eram “inimigos” que se tornaram “amigos” após ele ter tomado posse no Palácio do Planalto.

Em discurso no Encontro Nacional da Indústria, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Lula destacou a “capacidade de conversação” para aprovar projetos como o arcabouço fiscal e a reforma tributária.

“Quando eu tomei posse, o Lira era meu inimigo, hoje o Lira é meu amigo. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, era meu inimigo, hoje é meu amigo. Porque não cabe ao presidente da República escolher quem vai ser o presidente da Câmara e do Senado. O papel do presidente é conviver com quem é presidente e estabelecer conversas para aprovar aquilo que é de interesse do povo brasileiro”, disse.

O presidente também criticou o que chamou de “pessimistas” com a economia, afirmando que em seus dois primeiros anos de governo, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu acima do projetado por agentes do mercado financeiro. “Este ano, aconteceu a mesma coisa.Os de sempre, os pessimistas de sempre, disseram que teria crescimento e no máximo 1,5% e mais um vez, estamos surpreendendo, porque o crescimento certamente ultrapassará 3%”.

Lula emendou tecendo, mais uma vez, críticas à direção do Banco Central, comandado por Roberto Campos Neto, um de seus alvos preferenciais desde o início do mandato. Ele aponta a taxa de juros, hoje em 11,25%, como culpada pelo fato de o país não ter um crescimento mais robusto.

“Qual é a explicação para a taxa de juros estar do jeito que está hoje? Nós estamos com a inflação controlada, a economia está crescendo, o menor nível de desemprego desde 2012. Se a gente pensar de forma positiva, não há retrocesso nesse país. Mas se a gente ficar pensando em manchete de jornais, por gente que você nem sabe se tem capacidade de escrever o que escreve, a gente não anda”.

No mesmo pronunciamento, o petista afirmou que pretende assinar ainda neste ano o acordo entre Mercosul e União Europeia, discutido há mais de 20 anos e em fase final de ajustes. No entanto, o consenso é travado por alguns países europeus, sobretudo pela França, devido a pressões dos agricultores locais, que temem perder espaço para produtos da América do Sul.