BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quarta-feira (27) a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia e rebateu críticas de franceses à negociação. A declaração do petista acontece após polêmica entre a rede francesa de supermercados Carrefour e o agronegócio brasileiro. 

"Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva num deputado francês que, hoje, achincalhou os produtos brasileiros. Porque nós vamos fazer o acordo do Mercosul nem tanto pela questão do dinheiro. Nós vamos fazer porque eu estou há 22 anos nisso e nós vamos fazer", comentou Lula. 

"Se os franceses não quiserem o acordo, eles não apitam mais nada, quem apita é a Comissão Europeia. E a Ursula von der Leyen tem procuração para fazer o acordo, e eu pretendo assinar esse acordo este ano ainda. Tirar isso da minha pauta", falou o presidente, durante abertura do Encontra Nacional da Indústria, nesta quarta-feira, em Brasília. 

O deputado de direita Vincent Trébuchet (UDR) afirmou na terça-feira (26) que “nossos agricultores não querem morrer e nossos pratos não são latas de lixo”.  

Além disso, na última semana, o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, afirmou que as lojas na França não comprariam mais carne do Mercosul para proteger produtores franceses e levantou dúvidas sobre a qualidade da carne sul-americana. 

Lula quer fortalecer economia

Lula destacou também que os produtos brasileiros devem procurar novos mercados e acrescentou ainda deve viajar, a partir de março do ano que vem, para o Japão e Vietnã. 

"Na agricultura, já abrimos mais de 195 mercados em apenas dois anos. E depois que a gente for para o Japão, em março, se preparem, porque temos que levar muitos empresários ao Japão. E depois a gente vai passar no Vietnã, também levar empresários, porque a nossa balança comercial com o Vietnã é de 6 bilhões de dólares, mais do que alguns países europeus. O Brasil não precisa ficar preso à sua história, aos países que nos colonizaram, temos que procurar mercados novos”. 

Lula ainda acrescentou que pretende fortalecer a economia brasileira sem “brigar” com os Estados Unidos, já que a partir de janeiro, Donald Trump assume a presidência do país, prometendo uma política protecionista. 

"Eu quero fazer tudo isso sem brigar com os Estados Unidos. Eu não quero saber se o presidente é o Trump, Biden, Obama. Eu quero saber o seguinte: o Brasil tem interesses soberanos, eles têm interesses soberanos e os nossos interesses têm que convergir. Naquilo que houver diferença, a gente tranca a cara e não faz negócio", disse Lula.